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Universo transexual e preconceito na tela de Gramado

O uruguaio 'El Casamiento' fala da relação entre Inácio, de 75 anos, e Julia, uma transexual de 65 anos; 'Olhe pra Mim de Novo' relata o drama de um funcionário público para ter sua identidade reconhecida

Por Carlos Helí de Almeida, de Gramado
11 ago 2011, 16h53

Dois olhares sobre o universo transexual ganharam a tela do 39º Festival de Gramado na noite desta quarta-feira, dia 10. O programa duplo foi iniciado pelo uruguaio El Casamiento, de Aldo Garay, sobre o relacionamento entre Julia Brian, um transexual de 65 anos, e o pedreiro aposentado Ignácio Gonzales, de 75, que estão juntos há 20 anos e agora planejam oficializar o casamento. Na sequência, foi exibido o brasileiro Olhe pra Mim de Novo, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, que se debruça sobre a personalidade e a história de vida de Silvyo Lúccio, um funcionário público do Ceará que ainda luta para impor sua condição de transexual masculino.

O filme de Garay é um desdobramento de um curta-metragem, que começou a ser rodado em 1995. Quinze anos depois o diretor volta a cruzar o caminho de Julia e Ignácio, duas figuras solitárias que se conheceram numa praça, numa véspera de Natal, e se tornaram inseparáveis desde então. Apesar da vida muito precária que levam – eles chegam a ser expulsos da humilde casa em que vivem com o seu poodle de estimação – o casal parece absolutamente feliz com o único grande bem que têm: a companhia um do outro.

El Casamiento é um filme sobre a desesperada luta contra a solidão, capaz de superar até mesmo o conservadorismo de Ignácio, que afirma que concordou que Julia passasse pelo longo e doloroso processo de mudança de sexo porque jamais viveria com um travesti. Calorosamente aplaudido pelo público, o documentário foi representado em Gramado apenas por seu montador, Federico La Rosa.

Preconceito – Mais contundente e provocador, porque estende a problemática para os campos religioso, afetivo e do comportamento humanos, Olhe pra Mim de Novo alimenta-se da personalidade de seu protagonista, que se descreve como “uma mulher que virou lésbica e agora é homem”. Articulado e destemido, Silvyo Luccio descreve para o espectador as circunstâncias de sua batalha contra o preconceito diário e apresenta os personagens que o apoiaram na construção de sua identidade, como a ex-mulher, uma umbandista.

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O filme de Cláudia e Goifman é construído sobre a estrutura de um road movie, que acompanha a viagem do funcionário público por cidades do interior do Nordeste e registra seus encontros com outros grupos discriminados pela sociedade, como gays, travestis e portadores da síndrome de Bernadelli. Os diretores reforçam a idéia da marginalização inserindo cenas de seu personagem caminhando no acostamento de estradas.

“Por mais que eu seja amado por pessoas próximas a mim, como minha mulher, o sentimento e solidão ainda é muito grande por causa da rejeição que sofro no dia a dia e do fato de não me reconhecer no corpo que tenho”, confessou Silvyo Luccio no debate ocorrido no final da manhã desta quinta-feira, dia 11, que teve início com manifestações de desagrado por alguns dos participantes. “Peço desculpas aos evangélicos presentes, mas não pretendo fazer nenhuma concessão à bancada evangélica”, reagiu o diretor.

Em Gramado, lugar de público é no tapetão

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Os destaques do festival

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