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‘Um Alguém Apaixonado’, o filme sem começo nem fim

Kiarostami ousa mais uma vez e avança no projeto de diluir o argumento. Pode ser um cinema para poucos, mas é também um cinema que poucos sabem fazer

Por Mariane Morisawa
1 nov 2012, 15h36

Abbas Kiarostami sempre brincou com as fronteiras em seus filmes. Não aquelas entre países, mas entre realidade e ficção, verdade e representação, vida e morte. Normalmente, seus argumentos podem ser resumidos em uma frase – “menino tenta devolver o caderno do colega de classe” (em Onde Fica a Casa do Meu Amigo?) ou “homem procura alguém que o enterre depois de seu suicídio” (em Gosto de Cereja). Mas isso está longe de significar uma obra simplória. Apesar de ter suas marcas, ele não cansa de surpreender. A mais recente prova é Um Alguém Apaixonado, longa selecionado para a 36ª Mostra Internacional de São Paulo que, quando exibido em maio no Festival de Cannes, provocou muitas caras de interrogação — mesmo entre os críticos acostumados a seu trabalho.

Pudera, Kiarostami ousou mais uma vez e fez um longa-metragem sem início nem fim – como a vida. E deu mais um passo no caminho da diluição do argumento, que ele persegue desde sempre. O diretor não gosta de dar nada barato para o espectador: é preciso colocar a cabeça para pensar, preencher as lacunas e embarcar na viagem poética que ele sempre propõe.

A cena inicial, num bar, já confunde: há um diálogo, mas não se sabe bem quem fala. Em tese, a protagonista é uma jovem prostituta (Rin Takanashi) que atende ao chamado de um velho professor (Tadashi Okuno), ao mesmo tempo em que tenta lidar com o namorado ciumento (Ryo Kase). Há mais dúvidas nesses relacionamentos do que respostas: Por que o professor a chamou? Por que passa a atuar como se fosse seu avô?

https://youtube.com/watch?v=7pldnaSGSyY

Aí está outra das características do cinema do iraniano: o jogo de representação. Se em Cópia Fiel (2010), estrelado por Juliette Binoche e rodado na Itália, havia uma quebra clara no realismo, quando os dois personagens principais passavam a agir como um casal, aqui essa passagem se dá de maneira muito mais fluida.

Kiarostami, cujos filmes iniciais tinham uma pegada neorrealista, agora cria uma espécie de realidade suspensa no Japão. É o segundo longa seguido que faz fora do Irã, por razões óbvias – está difícil ser cineasta no país. Incrivelmente, ele consegue captar muito bem a alma japonesa, com seus silêncios e coisas que não precisam ser ditas, e a paisagem de Tóquio, tão diferente de Teerã e do interior do Irã. Tudo isso sem deixar sua personalidade de lado. Pode ser um cinema para poucos, mas é também um cinema como poucos podem fazer.

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Um Alguém Apaixonado, de Abbas Kiarostami*

Quarta (31), às 16h50, no Espaço Itaú de Cinema – Frei Caneca 1

Quinta (1º), às 21h, no Cinemark – Shopping Cidade Jardim 6

* programação sujeita a alterações

Ingressos individuais

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Segundas, terças, quartas e quintas: R$ 15 (inteira) / R$ 7,50 (meia)

Sextas, sábados e domingos: R$ 19 (inteira) / R$ 9,50 (meia)

*Para adquirir ingressos no dia da sessão, somente nas salas de cinema

*A Central da Mostra não vende ingressos avulsos, apenas pacotes

Venda pela internet

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No site Ingresso.com, o ingresso poderá ser adquirido com antecedência (de um a quatro dias) da sessão

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