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‘Todxs Nós’: Série da HBO quer superar clichês do universo LGBT

Produção é protagonizada por jovem que não se identifica como mulher ou homem, e aposta em didatismo para abraçar públicos de diferentes bolhas

Por Tamara Nassif Atualizado em 23 mar 2020, 14h34 - Publicado em 22 mar 2020, 11h43

Rafa (Clara Gallo) sai do interior de São Paulo para bater à porta e pedir abrigo ao primo gay Vini (Kelner Macêdo) e à sua colega de apartamento Maia (Julianna Gerais), no centro da capital. Rafa é não-binária, ou seja, não se identifica como mulher, tampouco como homem — razão que a levou a brigar com os pais e fugir de casa. Quando Rafa bate à porta de Vini, se refere à si como “prime” e diz que São Paulo é o lugar ideal para que ela seja “criative, livre e finalmente plene”.

O palavreado, que pode dar nó na cabeça de quem não é familiarizado com o universo LGBT, é parte essencial da seara por onde se aventura a nova série de comédia dramática da HBO Brasil, Todxs Nós, que estreia no canal pago neste domingo, 22, às 23h, e que terá 8 episódios na primeira temporada. O programa de nome intrincado (leia-se “todis”), com um x no lugar do “a” ou “o”, letrinhas que designam gênero masculino ou feminino, tem um desejo difícil: atrair não só o público ao qual se destina, mas também os que pouco entendem das novas nomenclaturas e vivem na caixinha heteronormativa — outro termo a ser descomplicado.

“O universo LGBT tem de deixar de ser um tema e virar a vida real”, diz o cocriador e diretor da série Daniel Ribeiro a VEJA. A ideia é compartilhada pela diretora-geral, Vera Egito: “Quando um grupo de pessoas é colocado como um tema ou uma questão, pressupõe-se que exista do lado de fora um ‘normal’, um ‘padrão’ ao qual ele não pertence, o que gera mais exclusão. Todxs é simplesmente sobre a vida de três jovens em São Paulo, e um deles acaba por ser não-binário”.

Superar estereótipos, porém, não é uma tarefa fácil: especialmente se o roteiro tenta abraçar o público de outras bolhas, fora da bolha LGBT. O “gay alívio cômico”, por exemplo, é um velho clichê da TV que não escapou à produção: Vini, que recebe a prima (ou prime) fugitiva em São Paulo, é constantemente engraçadinho. O ator, porém, promete mudanças no personagem ao longo da série (VEJA teve acesso ao primeiro episódio). “O Vini, apesar de fazer piadas o tempo todo, tem questões internas sobre a própria identidade e o lugar dele no mundo. E nessa jornada de autodescoberta, ele percebe que vive as expectativas da mãe e que estava se forçando a entrar na caixinha do ‘gay’ onde o colocaram”, conta Macedo.

    Para alcançar um resultado honesto, a equipe de produtores e atores passou por palestras de sensibilização à linguagem neutra (a que exclui os pronomes de gênero), e colocou na sala de roteiristas uma mulher trans, além de atores trans no elenco.

    Os diretores ainda acrescentam que não temem retaliação de conservadores extremos, à exemplo do que ocorreu com o grupo Porta dos Fundos, em dezembro do ano passado. “Eles que falem, nós que ignoremos. Fizemos essa série para pessoas que estão dispostas a conhecer a não-binariedade e a sair da própria bolha cis-normativa. Não é uma resposta à ‘caça às bruxas’ dos últimos tempos”, diz Ribeiro.

    Confira o trailer:

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