Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Tarsilinha do Amaral quer trazer ao Brasil mostra da tia no MoMA

Com inauguração marcada para domingo, em Nova York, mostra reúne 120 peças de Tarsila do Amaral

Por Alex Xavier
Atualizado em 18 fev 2018, 07h48 - Publicado em 18 fev 2018, 07h48

Desde o último domingo, 11 de fevereiro, o visitante do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) tem o privilégio de ver, juntas, as telas mais conhecidas da paulista Tarsila do Amaral (1886-1973), separadas há muito tempo. A Negra (1923), Abaporu (1928) e Antropofagia (1929) dividem a mesma galeria na mostra Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil, em cartaz até junho. “De alguns ângulos, você consegue colocar as três pinturas no campo de visão e, com todas aquelas outras obras ao redor, ter uma ideia mais ampla de quem ela era e da evolução do seu trabalho”, sugere a sobrinha-neta e administradora do espólio da artista, Tarsilinha do Amaral.

A mostra, que toma o segundo andar do museu, reúne pinturas, desenhos, cadernos de rascunho, fotos e outros documentos raros. Elas acompanham desde os primeiros estudos, em São Paulo e em Paris, até as pinturas com temas sociais do início dos anos 1930, mas, principalmente, sua fase áurea, em que se cercou de artistas e autores modernistas — foi casada com Oswald de Andrade — e inspirou o movimento antropófago. “Faltava uma mostra como esta para ela ser reconhecida internacionalmente como merece”, diz a herdeira. “O MoMA não expõe só para os nova-iorquinos. Ele expõe para o mundo.”

Em 2010, ela foi para os Estados Unidos para um ateliê e conversou com a americana Stephanie D’Alessandro, do Instituto de Arte de Chicago, sobre a ideia de promover um mergulho profundo na obra de sua tia. Para Tarsilinha, estava mais do que na hora de a pintora ser reconhecida como um ícone do Modernismo mundial. A curadora abraçou a ideia e trouxe para o projeto seu colega do MoMA, o venezuelano Luis Pérez-Oramas. Historiador, ele tem uma longa relação com o Brasil – esteve, por exemplo, à frente da Bienal de Arte de São Paulo em 2012 e, no ano seguinte, foi responsável pela participação brasileira na Bienal de Veneza. Foi essa união de forças que tornou a exposição possível, primeiro em Chicago e, agora, em Nova York.

Continua após a publicidade

As cerca de 120 peças pertencem a coleções da América Latina, da Europa e dos Estados Unidos. A realização exigiu um grande esforço, pois os itens saíram de coleções diferentes. A Negra é do acervo do Museu de Arte Contemporânea (MAC), da Universidade de São Paulo. O Abaporu, tela brasileira mais valorizada atualmente — avaliada em cerca 40 milhões de dólares – podia ser vista apenas no Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires (Malba). Antropofagia, na Pinacoteca de São Paulo. Para levar tudo, Tarsilinha exigiu viagens separadas. “Quando as obras vão ser transportadas, eu nem consigo dormir”, confessa. “Elas vão em dois ou três aviões porque não dá para arriscar perder tudo se acontecer alguma coisa.”

O acervo costuma viajar bastante. Principalmente, pela decisão da família de tornar o legado da artista acessível a todos. Ao contrário de espólios que costumam criar obstáculos legais, burocráticos e financeiros para liberar o uso de imagens das obras, a opção da família é difundir ao máximo a imagem de Tarsila. “Isso começa com meu pai, que, depois da morte dela, em 1973, fez um trabalho excelente de marketing, quando ninguém nem falava em direitos autorais no Brasil”, lembra. “A gente não perde uma oportunidade de expor a obra por falta de dinheiro. Já cedi muita coisa de graça.”

A mostra Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil fica em cartaz no MoMA até 3 de junho. Depois, é um desejo de Tarsilinha que ela alcance outros públicos, em especial, no Brasil. “Ainda estamos conversando a respeito, mas já faz mais de dez anos que o brasileiro não tem uma mostra abrangente da Tarsila como essa. É o que eu mais gostaria”, promete.

Continua após a publicidade
Retrato de Tarsila do Amaral (MoMA/Divulgação)
Tela Antropofagia (1928), de Tarsila do Amaral (MoMA/Divulgação)
“Abaporu”, 1928, de Tarsila do Amaral (Tarsila do Amaral/Reprodução)
(MoMA/Divulgação)
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.