Sem brasileiros, Toronto dá pontapé na corrida pelo Oscar
Com quase 400 filmes, o evento traz os favoritos de Berlim, Cannes, Veneza e Sundance e ainda apresenta dezenas de estreias mundiais
O Festival de Toronto, aberto oficialmente nesta quinta-feira com Sete Homens e Um Destino, de Antoine Fuqua, concentra o maior número de potenciais candidatos ao Oscar. Mesmo que os filmes venham de eventos concorrentes, como é o caso neste ano de La La Land, de Damien Chazelle, A Chegada, de Denis Villeneuve, e Jackie, de Pablo Larraín, que foram primeiro para Veneza, ou de The Birth of a Nation, de Nate Parker, e Manchester by the Sea, de Kenneth Lonergan, que vieram de Sundance, é em Toronto que se pavimenta o caminho em direção à cerimônia de 26 de fevereiro de 2017.
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No total, até o dia 18, serão apresentados 397 longas-metragens, 138 deles estreias mundiais esperançosas de encontrar seu lugar no mercado e, principalmente, na disputa pela estatueta dourada mais cobiçada de Hollywood. É o caso, por exemplo, da estreia do ator Ewan McGregor como diretor, American Pastoral, baseado em romance de Philip Roth, e Lion, de Garth Davis, com Dev Patel e Nicole Kidman, inspirado na história real de um rapaz que localizou a casa de sua família na Índia usando o Google Earth, 25 anos depois de ser adotado por uma família australiana. Não faltam também biografias, como LBJ, de Rob Reiner, com Woody Harrelson no papel do ex-presidente americano Lyndon B. Johnson, e Snowden, de Oliver Stone, que traz Joseph Gordon-Levitt como Edward Snowden, analista que vazou documentos confidenciais expondo o sistema de vigilância da Agência de Segurança Nacional.
Se a hashtag #OscarsSoWhite dominou a discussão em 2016, Toronto mostra que a indústria se mexeu um pouquinho na direção de mais produções inclusivas. Entre os destaques do festival estão os lançamentos mundiais de Queen of Katwé, filme da indiana Mira Nair estrelado pela ganhadora do Oscar Lupita Nyong’o, sobre uma menina da região rural de Uganda (interpretada pela estreante Madina Nalwanga) que treina para ser campeã internacional de xadrez. Outra diretora, Amma Asante, filma a história real do casamento inter-racial entre um membro da realeza africana (David Oyelowo) e uma inglesa (Rosamund Pike) – em termos gerais, um tema parecido com o de Loving, do americano Jeff Nichols, exibido em Cannes e que passa também em Toronto, sobre um casamento inter-racial nos Estados Unidos.
Há também Moonlight, de Barry Jenkins, que causou barulho em Telluride com a vida de um menino negro, da infância à juventude. E, claro, The Birth of a Nation, de Nate Parker, que saiu consagrado de Sundance como a aquisição mais cara do festival, sobre a história de uma rebelião de escravos liderada por Nat Turner em 1831. O filme está cercado de controvérsia desde que veio à tona que Parker, diretor, ator principal, roteirista e produtor, foi acusado, julgado e inocentado de estupro em 2001. A recepção ao longa em Toronto pode determinar suas reais chances de Oscar.
Neste ano, não há brasileiros no Festival de Toronto, a não ser por Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, que já estreou no Brasil. O país aparece na lista, mas como coprodutor de El Auge del Humano, do argentino Eduardo Williams, e de O Ornitólogo, do português João Pedro Rodrigues.
Confira os destaques do Festival de Toronto:
American Pastoral, de Ewan McGregor
Ambicioso, o ator escocês estrela e dirige esta adaptação do romance de Philip Roth, sobre uma família americana transformada pelos movimentos sociais e políticos dos anos 1960.
A Chegada, de Denis Villeneuve
Diretor de Os Suspeitos e Sicario: Terra de Ninguém, Denis Villeneuve adapta um conto de Ted Chiang sobre uma linguista (Amy Adams) contratada para entender alienígenas que chegam à Terra.
The Birth of a Nation, de Nate Parker
Ator, diretor, roteirista e produtor do filme, Parker fala sobre a revolta de escravos liderada por Nat Turner no século 19. O título faz referência ao clássico de 1915 de D.W. Griffith, que fazia apologia da Ku Klux Klan.
Jackie, de Pablo Larraín
O chileno (No) estreia em inglês com um filme sob o ponto de vista da primeira-dama Jacqueline Bouvier Kennedy (Natalie Portman) nos dias que antecederam o assassinato de John F. Kennedy.
La La Land, de Damien Chazelle
Depois de seu Whiplash concorrer ao Oscar no ano passado, o cineasta volta com um musical nas ruas de Los Angeles sobre o relacionamento entre um pianista (Ryan Gosling) e uma aspirante a atriz (Emma Stone).
Manchester by the Sea, de Kenneth Lonergan
Casey Affleck é apontado como um dos prováveis indicados ao Oscar de ator por sua performance sobre um faz-tudo recluso que volta à sua cidade natal quando seu irmão morre, obrigando-o a lidar com seu passado.
Nocturnal Animals, de Tom Ford
Em seu segundo longa-metragem, o estilista fala sobre Susan (Amy Adams), que examina seu presente ao lado do marido sempre ausente e o passado ao lado do ex ao mergulhar na leitura de um manuscrito.
Snowden, de Oliver Stone
O controverso cineasta americano dirige Joseph Gordon-Levitt, Shailene Woodley, Melissa Leo e Zachary Quinto nesta biografia sobre o analista da Agência de Segurança Nacional.
The Rolling Stones Olé Olé Olé, de Paul Dugdale
O documentário segue a turnê da banda pela América Latina, mostrando coisas curiosas, como o interesse de Ronnie Wood pela street art em São Paulo, e culminando com o show histórico em Havana, Cuba.
A United Kingdom, de Amma Asante
Na década de 1940, o príncipe africano Seretse Khama (David Oyelowo, de Selma) apaixona-se pela inglesa branca Ruth Williams (Rosamund Pike), num relacionamento controverso.