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Rio-2016 teve encerramento tropicalista – para não dizer brega

Festa na noite deste domingo mostrou ao mundo o pendor nacional pelo kitsch – sem juízo de valor

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 22 ago 2016, 12h45 - Publicado em 22 ago 2016, 12h40

Se as projeções de flores no gramado do Maracanã, na noite deste domingo, lembraram a toalha de mesa da sua avó, não foi mera coincidência. De tom abertamente cafona, a festa de encerramento dos Jogos do Rio foi, em termos conceituais, uma herdeira do Tropicalismo, movimento que nos anos 1960, com Caetano Veloso e Gilberto Gil à frente, procurou ressaltar o que era ser brasileiro – com destaque para o lado emotivo, romântico e, é claro, cafona. Foi uma maneira, ainda que indireta, de Caetano e Gil, dupla que determinou o rumo de diversos músicos e artistas nacionais nas últimas décadas, estarem presentes tanto na abertura, em que cantaram Ary Barroso ao lado da funkeira Anitta, como no desfecho da olimpíada.

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Assim como o sentimentalismo copioso, presente em faixas como Coração Materno, de Vicente Celestino, regravada por Caetano no disco-manifesto Tropicália ou Panis et Circenses, os elementos carnavalescos fazem parte dessa brasilidade de gosto por vezes duvidoso. O espalhafato das escolas de samba, suas formas e cores em profusão, seus brilhos, seus corpos suados e à mostra. Um contraste e tanto com a apresentação de Tóquio, que pareceu sisuda e austera, embora tivesse também o seu colorido, com as luzes da imensa capital japonesa à noite e, sobretudo, com as imagens de videogame – das animações à entrada em cena do primeiro-ministro Shinzo Abe, vestido de Mario Bros.

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A menção a Tarsila do Amaral nas projeções, no início da festa, endossa a filiação. O Tropicalismo é também ele um herdeiro, herdeiro do Modernismo de Oswald Andrade e companhia. Além de abraçar sem pudor o que nos faz diferentes, como o nosso gosto pelo kitsch, o Tropicalismo é antropofágico: o movimento deglutiu e reprocessou influências estrangeiras, como o rock e a guitarra (que ainda se dizia “elétrica”).

É compreensível que esse legado tropicalista não estivesse na festa – a presença do DJ norueguês Kygo e da cantora americana Julia Michaels serviu ao lançamento de um canal digital do COI, o Comitê Olímpico Internacional, e não a embasar uma tese conceitual, mais acidental que eleita. Essas influências desviariam a festa da sua função, que é a de apresentar o Brasil – e em especial o Rio – ao mundo. E lá foi o Brasil, com tudo o que tem de brega. Bem ao gosto tropicalista.

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