Ringo Starr, o beatle da repescagem
O músico que integrou a banda mais famosa do século 20 nos 45 minutos do segundo tempo foi uma criança problemática, que teve uma série de problemas de saúde e estudo defasado
Ringo Starr tinha tudo para se tornar a pessoa mais azarada do mundo. Ainda pequeno, aos seis anos, Richard Starkey foi internado às pressas devido a uma crise de apendicite. Enquanto se recuperava da cirurgia, ele caiu da cama do hospital, bateu a cabeça e ficou em coma por um ano. O longo período desacordado acabou afetando seus estudos. Quando voltou à escola, o pequeno Richard mal sabia ler e escrever e foi colocado numa classe de crianças com idade bem inferior a dele. Aos 13 anos, ele foi parar no hospital novamente. Dessa vez, para tratar de uma forte gripe que evoluiu para pneumonia. A nova internação atrasou ainda mais seu aprendizado.
Toda a sorte que lhe faltou no início da vida foi recompensada na juventude. Assim como os Beatles, o baterista fez parte da agitada cena musical de Liverpool, sua cidade-natal, na Inglaterra. Em 1957, ele formou a primeira banda, Eddie Clayton Skiffle Group. Em seguida, Ringo passou a ser conhecido como o baterista da banda Hurricanes, liderada pelo vocalista Rory Storm. Foi durante uma apresentação do Hurricanes em Hamburgo, na Alemanha, em 1960, que Ringo conheceu Paul McCartney, John Lennon e George Harrison. A temporada de shows na cidade alemã marcou o começo da fama dos Beatles e, coincidentemente, viabilizou a formação definitiva da banda com a aproximação de Ringo Starr.
Ali foi inaugurado o momento que mudou a sorte do garoto de saúde frágil. Cansados do jeito calado e pouco amigável de Pete Best, o primeiro baterista dos Beatles, os fundadores da banda mais famosa dos últimos tempos convidaram Ringo para substitui-lo. No livro John, escrito por Cynthia Lennon, a primeira mulher de John Lennon, há relatos de que Pete Best tinha problemas para se integrar com os companheiros fora do palco. Após as apresentações, enquanto John, Paul e George saiam juntos, Pete preferia ficar sozinho o que irritava, principalmente, Paul e George.
A habilidade de Ringo em estar no lugar certo e na hora certa o transformou num dos bateristas mais admirados da história. Ringo foi escolhido para ser o baterista do Beatles não apenas pela intimidade com as baquetas, apesar de ser canhoto e sempre ter que se adaptar ao instrumento concebido para destros. Ringo conquistou os músicos por seu jeito “paz e amor” de ser.
A personalidade serena de Ringo garante unanimidade entre os fãs da banda até hoje e lhe rende o título de beatle mais querido. Após o fim do grupo nos anos 70, ele partiu em carreira solo com a banda All-Starr Band.
Na primeira vez que toca no Brasil, Ringo interpreta canções de seu repertório solo e faz reverência à sua condição de ex-beatle ao cantar sucessos como Yellow Submarine, With a Little Help From My Friends e I Wanna Be Your Man.
Após passar por Porto Alegre, o show da turnê mundial chega a São Paulo neste fim de semana, no Credicard Hall. Ringo sobe ao palco do Citibank Hall, no Rio de Janeiro, nesta terça, e no Chevrolet Hall, em Belo Horizonte, em 16 de novembro. Em Brasília, no dia 18, o Centro de Convenções Ulysses Guimarães recebe o ex-beatle e, no dia 20, é a vez de Recife aplaudi-lo, no Chevrolet Hall.