‘Queremos ser grandes no Brasil, que tem o mercado aquecido’, diz criador do festival Sónar, que volta ao país
Vivendo o seu melhor momento na história, setor de shows nacional atrai produtores internacionais como Enric Palau, fundador do evento que acontece há dezoito anos na Espanha e deve ter grande edição brasileira
Criado em 1994 em Barcelona, na Espanha, o festival de música Sónar atrai um público de 80.000 pessoas todos os anos, em sua terra natal. O sucesso do modelo do evento, que aposta em novidades sonoras, já foi levado a vários lugares do mundo, entre eles o Brasil, onde foi realizado em 2004, mas sempre com versões menores. O quadro, no entanto, vai mudar neste ano, quando a cidade de São Paulo abrigará a maior edição do festival fora de Barcelona, com público estimado de 50.000 pessoas, entre os dias 11 e 12 de maio. Nesta terça-feira, a organização do evento anunciou os artistas que completam o line-up divulgado anteriormente. Entre eles, estão o cantor de soul Cee Lo Green (famoso pela música Fuck You e por integrar a dupla Gnarls Barkley), a dupla de música eletrônica Chromeo e o produtor de dubstep Skream.
O espanhol Enric Palau, um dos fundadores do festival, sabe que sua terra natal tem sofrido uma forte crise econômica e não esconde a empolgação em relação ao aquecido mercado brasileiro. “É claro que há um crescimento no mercado de shows e festivais no Brasil. Mas queremos que o Sónar não seja só mais um na multidão. Queremos ser grandes no Brasil”, afirmou ao site de VEJA, acrescentando que planeja fazer edições anuais no país. Quanto à expansão do evento, ele despista. “Não consigo dizer se vamos crescer em dimensão, por enquanto queremos apenas que as pessoas entendam o conceito do festival.” Já Camilo Barros, diretor-executivo da edição paulistana do evento, se mostra mais ambicioso. “Passamos os últimos dois anos planejando a volta do Sónar ao Brasil. Acreditamos que, hoje, o país está preparado para receber o festival do tamanho do que é feito em Barcelona. Queremos que ele cresça a cada ano em programação, em número de palcos, e, claro, em público.”
Para Palau, colaboram para o aumento no número de shows e festivais no Brasil, além do fato de o país ter sido pouco afetado pela crise econômica, o que ele chama de maior “aceitação” do público brasileiro — leia-se: disponibilidade para pagar caro por diversão e supérfluos. Ele destaca ainda que, mesmo com a perda de domínio das gravadoras, os artistas têm encontrado facilidade de se divulgar pela internet. “A banda brasileira de tecnobrega Gang do Eletro, que está no nosso line-up, pode criar uma música nova neste minuto e jogar no Facebook, que as pessoas de todo o mundo vão conhecer imediatamente.”
Em comparação com os últimos anos, a quantidade de atrações musicais que desembarca no país para shows praticamente dobrou em 2012. Mas o preço dos ingressos só faz aumentar. E tão crescente quanto os valores das entradas são as queixas dos frequentadores. Para Barros, falta apoio do poder público. “Fazer festival no Brasil é um desafio, como qualquer outro negócio. A gente praticamente tem que implorar a participação do poder público nesse tipo de evento”, diz o diretor do Sónar. “Vender ingresso ainda é fundamental.”
Festival – Os nomes anunciados nesta terça se unem aos artistas e bandas já divulgados anteriormente, entre eles Björk, Justice, Mogwai, James Blake, e outros (veja a programação completa por dia acima). O festival vai acontecer no centro de convenções do Anhembi, na zona norte de São Paulo, em três palcos diferentes, o que possibilita a circulação dentro do evento e democratiza o acesso aos shows. “Mesmo o palco SónarClub, que é o maior, não é o tradicional palco principal, porque os outros também tem atrações principais. As pessoas não vão ficar num palco só, terão de circular para ver as atrações”, explica o coordenador artístico Chico Dub, responsável pela escolha das atrações ao lado do produtor Marcos Boffa. Os ingressos já estão à venda no site e custam 230 (por dia) ou 400 reais (passaporte para os dois dias).