Já ouvimos falar de bolhas imobiliárias, econômicas e até da internet. O diretor americano Whit Stillman, diretor da comédia Damsels in Distress, que encerra o 68º Festival de Veneza na noite deste sábado, 10, foi vítima de outra bolha, a do cinema indie. “A bolha do cinema independente americano dos anos 90 estourou no início dos anos 2000. De repente, ficou quase impossível fazer o tipo de filme que costuma fazer. O mercado foi dominado por superproduções, franquias, estrelas de cinema. Foi um período depressivo, realmente”, contou o autor de Os Últimos Embalos da Disco (1998), seu último trabalho.
Responsável por modestas pérolas do gênero naquela década, como Metropolitan (1990) e Barcelona (1994), Stillman levou mais de 10 anos para conseguir voltar a filmar. Assim como em seus filmes anteriores, Demsels in distress é focado em um grupo de jovens em um momento de transição na vida. O filme é centrado em um grupo de universitárias de Nova York que administra o centro de prevenção de suicídios do campus. O objetivo delas é reeducar os estudantes e promover um convívio social mais civilizado entre eles, através de um programa de higiene pessoal e prática de dança.
O tom é de nonsense, mas Stillman trabalhou sobre um fenômeno real. “Esses grupos de educação paralela nos campus realmente existiram. Já foram moda nas universidades americanas, nos anos 60 e 70. Ouvi histórias sobre garotas que promoviam esse tipo de atividade quando voltei a Harvard para reencontrar amigos, ainda nos anos 70. Todo mundo tinha um caso contar sobre essas jovens sofisticadas e perfumadas que incentivavam a vida social do campus. Desde aquele momento vi ali um filme para contar.”
Damsels in Distress será exibido em sessão de gala após a cerimônia de premiação, marcada para as 19h30 (14h30 no horário de Brasília). Os favoritos ao Leão de Ouro de melhor filme são Carnage, do franco-polonês Roman Polanski, A Dangerous Method, do canadense David Cronenberg, Shame, do britânico Steve McQueen, e Alps, do grego Yorgos Lanthimos. O diretor americano Darren Aronofsky, de Cisne Negro, vencedor do ano passado, é o presidente do júri.