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“Posso nadar, mas não muito longe”, diz o artista e dissidente chinês Ai Weiwei

Por Por Bill SAVADOVE
26 jun 2012, 11h41

“Eu posso nadar, mas não muito longe”. É assim que o artista dissidente chinês Ai Weiwei, que está proibido de viajar para o exterior, descreve sua situação atual.

“Espero poder viajar. Esta é uma parte importante da liberdade. É também um direito humano”, disse Ai em uma entrevista à AFP.

O pintor e escultor de 55 anos, cujo trabalho tem sido exibido em muitos museus ocidentais, passou 81 dias preso no ano passado quando a polícia reforçou a repressão contra a dissidência, por medo de um contágio pela “Primavera Árabe”.

Em sua libertação, no dia 22 de junho de 2011, as autoridades acusaram Ai de evasão fiscal e proibiram o artista de deixar Pequim durante um ano. Esta medida foi retirada na semana passada. Mas o seu passaporte não foi devolvido.

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Em seu atelier, Ai Weiwei explica que seus planos para expor e ensinar no exterior estão comprometidos.

Ele perdeu a inauguração de um pavilhão de teto flutuante na Serpentine Gallery, em Londres, e só conseguiu participar via Skype.

Espera poder viajar a Washington em outubro para uma exposição de suas obras no Museu Hirshhorn, e aceitar um convite para lecionar em Berlim.

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“Eu tenho um monte de atividades nas áreas da arte, design e arquitetura para os próximos dois anos e que vão acontecer no exterior, porque não são permitidas na China”, contou.

“Impedir-me de deixar a China irá influenciar esses eventos”, assegura, acreditando que as restrições impostas sobre ele “vão parar projetos e intercâmbios culturais”.

A polícia explicou que a retirada do seu passaporte foi motivada pela suspeita de incitação a bigamia, pornografia e operações de câmbio ilegais.

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“Estes três elementos são uma desculpa para me impedir de sair da China”, segundo o artista.

A acusação de pornografia é baseada em uma piada, explica. Um dia, ele desafiou dois grupos de visitantes a posarem nus com ele antes de publicar as fotos na internet.

A bigamia está relacionada com o seu relacionamento com uma mulher com quem teve um filho fora do casamento.

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As autoridades já ameaçaram prendê-lo novamente se “ele continuar a agir dessa forma”.

Ai, que co-desenhou o Estádio Olímpico de Pequim, em 2008, irritou o Partido Comunista no poder ao ameaçar investigar os desabamentos de escolas mal construídas durante o terremoto de Sichuan, e em 2010 durante um incêndio que matou dezenas de pessoas em uma torre em Xangai.

Mas se ele pudesse viajar para o exterior, não significaria um exílio, como fizeram muitos outros dissidentes chineses.

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“Isso não significa que eu teria de deixar a China”.

“Eu não gosto da Embaixada dos Estados Unidos, sua estrutura é muito feia”, explicou, em tom de brincadeira.

No tribunal, Ai Weiwei deve agora defender-se contra a acusação de evasão fiscal e contra uma multa de milhões de dólares imposta à sociedade Beijing Fake Cultural Development Ltd., registrada em nome de sua esposa.

Uma audiência foi realizada na semana passada em Pequim e durou mais de nove horas. O veredicto é esperado para o início de agosto.

Ele espera que seu país mude. “Logicamente, é necessário uma mudança porque a sociedade chegou ao ponto onde precisa mudar”.

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