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Poeta modernista brasileiro Luís Aranha é publicado pela 1ª vez em espanhol

Por Da Redação
1 jul 2012, 16h20

Alfredo Valenzuela.

Sevilha (Espanha), 1 jul (EFE).- Com o título de ‘Cocktails’, a editora espanhola La Isla de Siltolá, publica pela primeira vez em espanhol toda a poesia de Luís Aranha, nascido em 1901, o mais jovem dos modernistas brasileiros, e também o mais ‘brilhante e divertido’, segundo sua tradutora, Marie-Christine del Castillo.

Marie-Christine disse à Agência Efe que Aranha abandonou totalmente a poesia com pouco mais de 20 anos para ser diplomata – trabalho que o levou para a Europa da Segunda Guerra Mundial – e suas poesias só foram publicadas em 1984, apenas três anos antes de sua morte, graças ao poeta Nelson Ascher, que as copiou de antigas revistas modernistas.

No prólogo do lançamento bilíngue, o autor de ‘Dicionário da Vanguarda na Espanha’, Juan Manuel Bonet, confessa: ‘Considero Luís Aranha o terceiro maior nome, depois de Mário de Andrade e, sobretudo, de Oswald de Andrade, da primeiríssima vanguarda do Brasil’.

Para a capa dessa primeira edição espanhola, os editores escolheram uma ilustração do próprio poeta que reproduz a palavra ‘Cocktails’ e estava guardada no arquivo de Mário de Andrade, na Universidade de São Paulo.

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A tradutora de ‘Cocktails’ ressalta que a poesia demonstra que o modernismo brasileiro ‘não foi um mero reflexo da vanguarda europeia’ e que, apesar de ter influência das vanguardas francesa, alemã e italiana, ‘os brasileiros nunca se reconheceram futuristas, por rejeitarem Mussolini’.

A poesia de Aranha, nascido em 1901, está repleta de jogos e aliterações, segundo a tradutora, que deu como exemplo o poema que abre ‘Cocktails’, intitulado ‘Drogaria de Éter e de Sombra’, uma longa composição que inclui listas de remédios, alusões à Bolsa de Valores, à imprensa de Nova York e a íntegra do anúncio de uma farmácia da época, cujo texto, segundo o poeta, ‘explodiu em minha alma como uma granada de mão’.

O poema, segundo Marie-Cristine, foi inspirado na dependência de remédios quando Aranha era jovem, empregado por amigos de seus pais em uma farmácia de uma das ruas mais antigas de São Paulo, ‘uma cidade enorme nos anos 1920, com 580 mil habitantes, e na qual se falavam vários idiomas’, lembra a tradutora.

A pluralidade de culturas da capital paulista também impressionava, mas quando os vanguardistas amigos de Aranha receberam o escritor suíço Blaise Cendrars, este os fez ver que só nas tradições indígenas já teriam um ‘tesouro’ para alimentar sua inspiração como poetas modernistas.

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A Semana de Arte Moderna de 1922 e a visita de Cendrars a São Paulo em 1924 foram dois dos grandes eventos vanguardistas no Brasil em que o círculo de Aranha teve forte influência.

O poeta discursou na Semana de Arte Moderna, cujo principal ato foi uma concentração dos jovens poetas diante do Teatro Municipal de São Paulo, lendo poemas contra os burgueses, insultando passantes e causando um escândalo, segundo Marie-Christine, que lembrou que Heitor Villa-Lobos foi ao ato com um pé calçado com sapato e outro de sandália e uma atadura no dedo – quase um atentado contra a etiqueta da época.

Originariamente, os 26 poemas reunidos em ‘Cocktails’ foram publicados no início dos anos 1920 na revista vanguardista ‘Klaxon’, plataforma de Mário de Andrade e de seus amigos. EFE

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