Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Oscar 2018 terá presença ‘trans’ histórica

'Uma Mulher Fantástica' e 'Strong Island' colocam trans não apenas no roteiro, mas também no set e no comando das câmeras

Por agência France-Presse
Atualizado em 26 fev 2018, 13h24 - Publicado em 26 fev 2018, 13h22

Não é a primeira vez que eles são representados no cinema, mas este ano é diferente: dois filmes sobre transgêneros, feitos ou protagonizados por transgêneros, disputam o Oscar, um marco.

Daniela Vega, atriz transgênero do Chile, interpreta de modo magistral Marina, uma jovem de luto e vítima dos preconceitos da conservadora sociedade chilena em Uma Mulher Fantástica, indicado ao Oscar de língua estrangeira.

Na categoria documentário, Yance Ford, cineasta transexual, concorre por Strong Island, um filme de inspiração biográfica sobre o racismo e as falhas no sistema judiciário.

“É uma tendência observada há alguns anos, depois de Transparent ou com Laverne Cox de Orange Is the New Black na capa da revista Time, e agora no Oscar”, analisa Larry Gross, professor do Departamento de Comunicação da Universidade USC.

Antes de Uma Mulher Fantástica, outros filmes sobre ou com transgêneros venceram no Oscar: Traídos pelo Desejo (1992) venceu na categoria roteiro; Meninos Não Choram (1998) rendeu a estatueta a Hilary Swank; Clube de Compras Dallas venceu em três categorias, incluindo a de ator coadjuvante para Jared Leto por seu papel como a trans Rayon; A Garota Dinamarquesa (2015) rendeu o Oscar de coadjuvante para Alicia Vikander e virou uma espécie de ícone do movimento.

Na série de TV Transparent, Jeffrey Tambor interpretava — antes de ser demitido por acusações de assédio sexual — um transgênero, chefe de uma família burguesa da Califórnia, que normalizou a imagem desta comunidade.

Continua após a publicidade

Mas todas as produções foram protagonizadas por intérpretes cisgênero — pessoas cuja identidade de gênero e sexo biológico coincidem — e não por trans. E é neste ponto que o Oscar de 2018 é diferente: não apenas as duas produções foram indicadas, os dois filmes foram dirigidos ou protagonizados por transgêneros, um grande reconhecimento.

“É um momento sísmico, um pequeno terremoto que espero que venha a mudar tudo”, diz Ford. “Estamos caminhando pouco a pouco. Se chegarmos ao rio, poderemos atravessar a ponte. Ainda estamos caminhando para isso”, afirma Vega.

 

Uma mulher comum

Yance Ford destacou a importância de que atores transgêneros possam interpretar papéis de “trans”, mas enfatizou que seu trabalho “transcende o fato de que somos transgênero”.

O documentário Strong Island conta a história do assassinato de seu irmão por um homem branco que escapou da justiça, enquanto a vítima se tornava o principal suspeito da própria morte, o que gera um impacto devastador na família.

Em Uma Mulher Fantástica, Vega encarna uma mulher como outras: feminina, frágil, forte e digna. “Marina e eu compartilhamos o fato de que somos ‘trans’, que gostamos de cantar ópera e dos homens bonitos, nada mais”, diz Vega. “Ela é muito mais elegante que eu, tem mais paciência, é uma mulher muito mais pacífica, eu sou mais explosiva, mais latina.”

Continua após a publicidade

Ford aplaudiu o papel de Vega e a atenção que gerou com sua representação “de uma mulher comum”, uma mudança da típica caricatura de ‘trans’ como em filmes como Tootsie, com Dustin Hoffman.

Gross também recorda que personagens trans eram apresentados como pessoas transtornadas, marginalizadas, depressivas e que Transparent ou Uma Mulher Fantástica mudaram isso, com personagens mais autênticos.

Para o especialista, Hollywood tem a tendência de “colocar uma narrativa como vinho velho em uma garrafa nova”, buscando mudanças já usadas em novas tramas. “Já fizeram antes com os homossexuais, os negros, os judeus… e os ‘trans’ estão na moda”, explica.

Entre os reality shows na televisão, a famosa drag-queen RuPaul emplacou um sucesso nos Estados Unidos com Drag Race, que abordou o tema de forma “extravagante e orgulhosa”.

“O maior desafio é mostrar que as diferenças são boas, ao invés de ameaçadoras”, conclui o professor.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.