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Oscar 2011: a disputa entre Banksy e Vik Muniz

Correndo por fora do favoritismo de 'Trabalho Interno', a disputa na categoria de melhor documentário acontece entre o grafiteiro inglês e o artista plástico brasileiro

Por Rodrigo Levino
26 fev 2011, 16h32

Para os maledicentes, Banksy provou com o seu documentário que qualquer penduricalho de sucata pode ser alcunhado de arte e render ao criador um bom dinheiro.

Nas últimas duas semanas, enquanto os bastidores do Oscar 2011 ferviam em lobbies por filmes, atores e diretores, três grafites do inglês Banksy foram atacados nas ruas de Los Angeles. O vandalismo teria sido motivado pela indicação do filme do grafiteiro, Exit Through The Gift Shop (Inglaterra, 2010), na categoria de melhor documentário – na qual concorre com Lixo Extraordinário (Waste Land, Brasil/Inglaterra, 2010), de Lucy Walker, sobre o trabalho do artista plástico brasileiro Vik Muniz. Os ataques, porém, não se devem à rivalidade com o longa sobre o lixão de Gramacho, no Rio. Figura enigmática, marqueteira e com um senso de humor e cinismo apurados, Banksy tem chamado a atenção de Hollywood por desestabilizar os preparativos da cerimônia conhecida pelo histórico recato.

Sua principal arma na guerra de nervos contra a academia é o anonimato. Sua tática, a guerrilha. De antemão, a produção do Oscar já o proibiu de comparecer à cerimônia, neste domingo, usando uma máscara que preservaria sua identidade. Refratário a revelar-se em público, ele estuda a opção de estimular o comparecimento de várias pessoas identificadas pelo mesmo nome. A guerrilha está nas ruas.

Obras recentes que foram listadas no portfólio do artista podem ser vistas em muros de Los Angeles (as que não foram atacadas pelo vandalismo se transformaram em ponto de visitação). O que leva a crer que ele está na cidade, acompanhando a balbúrdia de perto. Uma delas, inclusive, ironizou a premiação.

Nascido na Inglaterra em 1975, pouco se sabe sobre o artista além das próprias obras criadas e expostas nas ruas de cidades em três continentes – e vendidas por altas cifras, como Self Portrait, arrematada num leilão em 2007 por meio milhão de dólares.

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Arte x Arte – O histórico de produções com temas políticos vencedoras nos últimos anos, como Tiros em Columbine (2002), de Michael Moore, e Uma Verdade Inconveniente (2006), de Al Gore, faz supor que Trabalho Interno, dirigido por Charles Ferguson, seja favorito ao prêmio deste ano. Ainda mais por serem recentes os fatos abordados, a crise econômica de 2008.

Se não optar pelo libelo de Ferguson, a Academia estará dividida entre Exit Thrgough The Gift Shop e Lixo Extraordinário (Waste Land, Brasil/Inglaterra, 2010), de Lucy Walker, sobre o trabalho de Vik Muniz junto à comunidade do maior aterro sanitário da América Latina, no Rio de Janeiro. Fora o fato de ambos tratarem de arte – mercado e criação – Banksy e Muniz são em tudo distintos.

Enquanto Lixo Extraordinário se ocupa da redenção que o trabalho de um artista pode empreender na vida de indivíduos alienados pelo estado, Exit desconstrói o traço lúdico e inspirador das artes plásticas, delineando as criações artísticas como meros produtos à mercê de um mercado – o mesmo que consagrou Vik Muniz mundo afora -, passível de vícios e enganos.

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O elogio do inglês, já consagrado, no texto enviado à imprensa anunciando a vernissage de estreia de Guetta funcionou como isca para curadores e críticos. Manchetes de jornais e recomendações de guias renderam uma fila de centenas de metros antes da abertura, alguns milhares de dólares em obras vendidas e a agora uma indicação ao Oscar.

Nesse ponto, Lixo Extraordinário está no extremo oposto. É piegas e cai bem entre os votantes com alguma afeição por histórias chorosas, como a do catador Tião Santos.

Se houver um paralelo possível entre os dois trabalhos, é que Banksy mostrou com o documentário que qualquer penduricalho ou sucata pode ser alcunhado de arte e vender, vender muito. Pede-se talento, mas conexões com o mercado e a crítica especializadas ajudam bastante. Malícia é outro quesito importante. E nesse ponto, um diretor sem rosto e sem nome tem dado um baile na Academia.

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