Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O Surdo Um tem companhia: o espetáculo da Mangueira com duas baterias

Dona da batida mais tradicional do samba carioca, verde-e-rosa leva a Sapucaí ao delírio 'trocando' as baterias em pleno desfile, numa apresentação histórica

Por Da Redação
Atualizado em 10 dez 2018, 10h53 - Publicado em 12 fev 2013, 14h08

Junto com a revelação da campeã do carnaval carioca, a Quarta-Feira de Cinzas sempre revela algumas surpresas e decepções. Injustiças, talvez. O Carnaval de 2013, no entanto, está fadado a ser lembrado por um acontecimento particular, circunscrito ao universo da Estação Primeira de Mangueira, mas com força suficiente para abalar o samba. Quem imaginaria que, um dia, num desfile, a bateria Surdo Um da verde-e-rosa levaria para a Marquês de Sapucaí não uma inovação, uma invenção, um instrumento ou ritmo exógeno, mas uma bateria inteira a reboque daquele grupo intocável de ritmistas?

Pois a ousadia foi feita. E posta à mesa dos jurados como algo de consequências imprevisíveis, mas não inteiramente inimagináveis, considerando o peso da batida grave dos surdos que não admitem ‘resposta’. Sim, até os sambistas dinamarqueses sabem que na Mangueira as marcações do surdo – surdo um – não são entremeadas com a nota ligeiramente mais alta do surdo de resposta. Em vez de TUM-tum-TUM-tum, a Mangueira faz só o TUM, maiúsculo e inconfundível. E nisso ninguém jamais vai mexer. É essa a característica que faz até os foliões bissextos entenderem que aquela trovoada que vem dobrando a esquina é “de” Mangueira, não de outra freguesia – com respeito a todas as agremiações, merecedoras ou não.

LEIA TAMBÉM:

Com desfile impecável, Vila Isabel desponta como favorita

Tijuca e Salgueiro duelam na primeira noite da Sapucaí

Enquete: Que escola de samba deve ser a campeã no Rio?

Mas eis que em 2013 atrás da bateria havia outra, identificável pelo rosa quase rubro das fantasias. E, a certa altura, quando a sonoridade sugeria uma “paradinha”, uma pausa de um compasso, o que vinha era a tempestade perfeita do terreno ao lado, e a bateria principal se calava. Presidente da escola, Ivo Meirelles avisou que queria um efeito parecido ao de um gol. Em alguns momentos, o que se viu foi o Brasil ganhando a Copa em casa, com o Maracanã lotado. Dizem os entendidos que a façanha só foi possível porque a Mangueira inteira sabia o samba, e cantava, sem parar. A Mangueira já ouviu e já cantou sambas muito melhores, mas é fato que neste carnaval foi, junto com a Vila Isabel, exceção na arte de fazer cantar. Não importa: o espetáculo, sob pena de uma ou outra atravessada nos extremos do desfile, foi incomparável, inimaginável.

O Maracanã – nome, aliás, dos surdos responsáveis pela batida mais grave numa escola – também chorou, como em 50. Depois da apresentação apoteótica, da goleada das duas baterias, o carro com a borboleta no alto, preparado para passar por sobre os fotógrafos da torre do Sambódromo, ficou agarrado, agravando o estouro no tempo que leva a escola para a apuração já em débito de seis preciosos décimos. A Mangueira poderia correr, mas preferiu manter o espetáculo. Afinal, quem vai se lembrar da campeã e dos décimos, se 2013 foi o primeiro em que a Surdo Um teve companhia?

https://www.youtube.com/watch?v=_GPWaO8FOUg

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.