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O show das poderosas de ‘Game of Thrones’

Com inteligência, mulheres sobrevivem em meio ao machismo medieval na série da HBO, uma história na qual os homens sangram e elas fingem obedecer

Por Patrícia Villalba
13 abr 2014, 10h49

Encoxadores no metrô, pressão pelo corpo perfeito, dramas sobre como conciliar a carreira e os filhos. Se você acha que não é fácil ser mulher em 2014, mire-se no exemplo das mulheres de Westeros. No reino fictício de Game of Thrones, série da HBO baseada nas Crônicas de Gelo e Fogo do americano George R.R. Martin, nascer mulher é quase um castigo. Mas é também possível constatar que, a cada episódio, uma espécie de feminismo esperto surge em meio ao machismo medieval que ecoa até os nossos dias.

No início, em 2011, a série chegou a incomodar as feministas americanas, que viam muito mais sexo na TV do que nos livros de Martin e se incomodavam com termos como “montar”, usado para definir o ato sexual. O julgamento foi, entretanto, apressado. É verdade que as mulheres são tratadas como propriedade pelos reis e vassalos que brincam de decepar cabeças no jogo dos tronos mas, no fim das contas, são as personagens femininas que provocam os lances decisivos que fazem diferença nas batalhas – ao ponto de a série, cuja quarta temporada estreou no último domingo, ser cada vez mais reconhecida como feminista.

Quarta temporada: ‘Game of Thrones’ volta com menos sangue e mais humor

Essa sensação ganhou ainda mais força a partir da temporada anterior, com a entrada da guerreira Brienne de Tarth. “Eu simplesmente tinha de interpretá-la, é extraordinária”, disse a atriz inglesa Gwendoline Christie ao site de VEJA durante passagem pelo Rio. “Ela jogou pelo ralo minha ideia tradicional de feminilidade e do que as pessoas costumam achar atrativo. Para mim, é um privilégio interpretar uma personagem tão pouco convencional que tocou o coração das pessoas que acompanham a série. É uma maneira de falar sobre questões de gênero com muita qualidade.”

Brienne é tão surpreendente que, mesmo forte e masculina, tem um interior muito frágil. E, ainda que não seja bonita por fora, foi a única criatura capaz de amolecer o coração de Jamie Lannister (Nikolaj Coster-Waldau), que vive uma relação incestuosa com a irmã, a rainha Cersei Baratheon (Lena Headey). “Os dois desenvolvem um respeito mútuo durante da terceira temporada, é curioso ver como eles se encontram naquele caminho até Porto Real”, observa Gwendoline, que protagonizou ao lado de Nikolaj uma emblemática e comentada cena de nu, numa banheira. “É uma surpresa para os dois personagens, para nós atores e também para o público.”

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No cordão dos descontentes que costumam criticar adaptações de suas histórias preferidas para o cinema e a TV, as personagens femininas são criticadas por aparecem mais bonitas em cena do que na descrição feita por Martin nos livros. Muito se fala sobre o que os críticos americanos de Game of Thrones chamam de “sexposition”, já que há mais seios à mostra nas cenas do que nas páginas, mas é claro que o audiovisual permite – e pede – certas liberdades. E, vale dizer, só se impressiona com a visão de alguns nacos de carne quem não assiste à série com atenção suficiente para perceber a construção brilhante do contexto em que o sexo é apresentado.

Que os homens de Westeros tentam – e muitas vezes conseguem – tratar as mulheres como objeto, não há dúvida. Mas, diante do estupro quase inevitável, dos casamentos arranjados para engrossar fileiras de soldados e das gestações capazes de selar a paz ou semear a guerra, seria heroico se simplesmente elas se revoltassem contra os homens. Por outro lado, se resumiria a um clichê não muito inteligente, já que a série é famosa pelas mortes repentinas, sem perdão. Por isso, é tão interessante vê-las agindo, sobrevivendo, como, aliás, têm feito os aparentemente fracos, como o anão Tyrion (Peter Dinklage), o eunuco Lorde Varys (Conleth Hill) e o gordo Samwell (John Bradley). “Uma mulher em nossa posição deve fazer o melhor de nossas circunstâncias”, ensinou a malévola Cersei à inexperiente Sansa Stark (Sophie Turner).

Quem acompanha Game of Thrones sabe o quanto é dfícil fazer qualquer prognóstico sobre os rumos da trama. Mas não será surpresa se, após todo o sangue masculino derramado na disputa pelo controle dos Sete Reinos, uma mulher terminar sentada no cobiçado Trono de Ferro. A mais forte candidata é também a personagem que mais tem conquistado fãs – Daenerys Targaryen (Emilia Clarke). No momento posando como a poderosa Khaleesi do povo nômade dothraki, ela tem não só um exército de milhares de soldados fiéis, mas também três dragões sob seu comando. Líder moldada episódio após episódio, a Mãe dos Dragões rivaliza em carisma com a futura rainha Margaery Tyrell (Natalie Dormer), marqueteira medieval de primeira. Entretanto, as duas ainda podem acabar se unindo contra o infame Rei Joffrey (Jack Gleeson) – circustâncias é a palavra mágica, como diz Cersei. Afinal, na fantasia mais aclamada dos últimos tempos, são elas que mais mantêm os pés bem cravados no chão.

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