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‘O Pequeno Príncipe’ em animação é poético e inventivo

Na competição, o mexicano ‘Chronic’ surpreende, enquanto ‘Valley of Love’ reforça a presença fraca da França na competição

Por Mariane Morisawa, de Cannes
22 Maio 2015, 18h52
Cena do filme 'O Pequeno Príncipe' (2015)
Cena do filme ‘O Pequeno Príncipe’ (2015) (VEJA)

Adaptar para o cinema um livro adorado, que vem passando de geração para geração e já vendeu 145 milhões de cópias em 250 línguas – além de ser o preferido das misses – parece um daqueles desafios fadados ao fracasso. Mas O Pequeno Príncipe, dirigido por Mark Osborne (Kung Fu Panda) e produzido na França, consegue ser poético e inventivo. Não fez nada feio ao ser apresentado fora de competição no 68º Festival de Cannes, mesmo vindo depois do ótimo Divertida Mente, dirigido por Pete Docter e produzido pela Pixar.

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A sacada de Osborne, desenvolvida no roteiro de Irena Brignull e Bob Persichetti, foi criar uma história paralela que usa os elementos do livro e reconhece a sua influência, deixando intacta a história escrita por Antoine de Saint-Exupéry. O filme começa com A Pequena Garota (voz de Mackenzie Foy na versão original), uma criança moderna, educada pela Mãe (Rachel McAdams) para ter um futuro brilhante. O problema é que, para chegar lá em um mundo em que a competição dá o tom, seu nome é só trabalho, sem distrações – uma questão bem contemporânea. Quando a menina vai mal na entrevista para uma escola concorrida, a Mãe decide se mudar com a pequena para o bairro da instituição, para tentar garantir a sua matrícula. Assim, enquanto a Mãe trabalha, a Pequena Garota deve seguir um cronograma rígido de estudos nas férias de verão, para chegar preparada ao novo colégio. Só que ela se distrai com o vizinho, O Aviador (Jeff Bridges) – uma versão mais velha do Aviador que conhece o Pequeno Príncipe no livro. O Aviador, claro, também é uma versão do próprio autor da obra, que foi piloto durante a Segunda Guerra Mundial e desapareceu no mar um ano após a publicação de O Pequeno Príncipe. O Aviador a apresenta a um mundo de magia, que inclui as páginas do livro, com os desenhos originais da história.

A parte da Pequena Garota é toda feita em animação em computação gráfica, como manda o figurino nos dias de hoje. Quando o Pequeno Príncipe (voz de Riley Osborne no original) aparece, o estilo muda, passando para stop-motion – aquela em que cada quadro é fotografado individualmente. O Pequeno Príncipe é um bonequinho, ondas são feitas de papel, a raposa é um bicho de pelúcia. Dessa forma, o filme preserva o encanto e reverencia a história original.

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https://youtube.com/watch?v=WsvAf7eBlZA

Surpresas na reta final – O 68º Festival de Cannes e a competição pela Palma de Ouro estão quase no fim – o último longa-metragem, Macbeth, de Justin Kurzel, será exibido para jornalistas na manhã deste sábado. Mas isso não quer dizer que não haja espaço para bons filmes como o mexicano Chronic (“crônico”), de Michel Franco, que ganhou o prêmio de melhor longa da mostra Um Certo Olhar com Depois de Lúcia (2012).

Chronic é falado em inglês e traz Tim Roth como protagonista. Dizer qualquer coisa sobre a trama estraga um pouco a experiência, porque o diretor faz uma obra em que as lacunas são preenchidas aos poucos. Mas lá vai: David é um enfermeiro que trabalha com doentes terminais, criando uma relação de interdependência que muitas vezes ultrapassa os limites éticos. Roth está fantástico e é sério candidato ao prêmio de melhor ator.

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Valley of Love (“Vale do amor”, na tradução direta), de Guillaume Nicloux, só veio reforçar a presença pífia da França na competição deste ano. Dos cinco longas na disputa pela Palma de Ouro, apenas um, Dheepan, de Jacques Audiard, faz sentido na briga.

Nem a presença de Isabelle Huppert e Gérard Depardieu resgata o filme de sua mediocridade. Seus personagens, Isabelle e Gérard, são atores e tiveram um filho juntos, Michael, que se matou seis meses antes do tempo presente do longa. Seu último pedido é que seus pais, com quem tinha zero contato, encontrem-se no Death Valley, na Califórnia. Durante seu tempo juntos, Isabelle e Gérard relembram o passado, tentam lidar com a culpa – ela não via Michael fazia sete anos, ele pouco falava com o filho – e com a perda. Também discutem a espiritualidade e o sobrenatural, enquanto seguem o roteiro preparado por Michael. Durante boa parte do tempo, reclamam do calor e fazem cara de tédio, já que todos os americanos com quem interagem são imbecis, o que mostra uma visão superficial do diretor. A única parte em que deixam de ser desagradáveis é quando trocam algum afeto e mostram nostalgia pelo passado – são tocantes os momentos em que Dépardieu comenta sua própria forma e saúde. Mas eles são tão raros que não salvam o todo.

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https://www.youtube.com/embed/L8e8S-4E7lY
‘Il Racconto dei Racconti’, de Matteo Garrone

Depois de estourar com Gomorrah e Reality, o diretor italiano volta-se para os contos de fadas, adaptando histórias de Giambattista Basile (1566-1632), que reuniu algumas das primeiras versões de Rapunzel e Cinderela. No elenco, Salma Hayek, Vincent Cassel e John C. Reilly. É o primeiro filme do cineasta falado inglês.

The Lobster
The Lobster (VEJA)

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‘Irrational Man’, de Woody Allen

Emma Stone faz seu segundo trabalho em sequência com o veterano diretor nova-iorquino, com quem já rodou Magia ao Luar (2014). Ela é a estudante por quem um professor de filosofia em crise existencial (Joaquin Phoenix) se apaixona, encontrando propósito na vida. O longa-metragem foi rodado na pitoresca Newport, no Estado de Rhode Island. 

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‘Mia Madre’, de Nanni Moretti

O italiano Nanni Moretti gosta de usar elementos autobiográficos. Em Mia Madre, usa a experiência de perder sua mãe durante as filmagens de Habemus Papam (2011) como a inspiração para a cineasta Margherita (Margherita Buy), que tenta levar adiante seu longa de fundo político enquanto cuida da mãe e lida com um astro complicado (vivido por John Turturro).  

https://www.youtube.com/embed/0P-gn9dZG7s
‘Carol’, de Todd Haynes

Baseado em um romance de Patricia Highsmith, mostra a história da jovem Therese (Rooney Mara) que se apaixona por Carol, uma mulher casada e mais velha (Cate Blanchett), na Nova York dos anos 1950. Kyle Chandler (Bloodline) interpreta o marido de Carol. Entre Eu Não Estou Lá (2007) e Carol, Todd Haynes fez a minissérie Mildred Pierce

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Sicario
Sicario (VEJA)

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‘Youth’, de Paolo Sorrentino

Em seu segundo filme falado em inglês – o primeiro foi Aqui É o Meu Lugar, com Sean Penn –, o italiano Paolo Sorrentino mostra dois velhos amigos, o compositor e maestro Fred (Michael Caine) e o cineasta Mick (Harvey Keitel), em férias num hotel nos Alpes. Paul Dano, Jane Fonda e Rachel Weisz também estão no elenco. 

Love
Love (VEJA)

Macbeth
Macbeth (VEJA)

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