‘O Lobo Atrás da Porta’ e ‘De Menor’ vencem Festival do Rio
Evento dividiu troféu principal pela primeira vez. 'Tatuagem' foi o filme mais premiado – venceu em cinco categorias, entre elas o prêmio do público
(Atualizado às 18h20)
Pela primeira vez em 15 anos de evento, o Festival do Rio 2013 dividiu o título de melhor filme entre dois longas. Os grandes vencedores do Troféu Redentor foram O Lobo Atrás da Porta, de Fernando Coimbra, e De Menor, de Caru Alves de Souza.
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“Nós dois ganhamos o mesmo edital, nós dois estivemos no Festival de San Sebastián (Espanha) juntos, nós dois somos de São Paulo, nós dois somos estreantes em longas-metragens e nós dois agora ganhamos o mesmo prêmio”, comentou Coimbra, referindo-se a ele próprio e a Caru, durante a cerimônia de premiação na noite desta quinta-feira, no Armazém da Utopia, zona portuária do Rio.
O Lobo Atrás da Porta ganhou também o prêmio de melhor atriz, conferido a Leandra Leal. O melhor ator foi Jusuíta Barbosa, por Tatuagem, que acabou como o filme mais premiado da noite, com cinco troféus. Além de melhor ator, o longa recebeu o Prêmio Especial do Júri na categoria ficção, melhor filme pelo voto popular, melhor ator coadjuvante e o Prêmio da Federação Internacional dos Críticos de Cinema (Fipresci).
O troféu de Melhor Documentário foi para Histórias de Arcanjo – Um Documentário Sobre Tim Lopes, de Guilherme Azevedo. Já o de melhor direção foi para Cao Guimarães e Marcelo Gomes, por O Homem das Multidões.
Cinema brasileiro – A edição de 2013 de festival, e seu resultado, expressam o bom momento do cinema nacional. “Quando a gente pensa o festival, a cada ano, não planeja em abrir e fechar necessariamente com filmes brasileiros, mas com produções que tenham relevância. A gente até procura abertura ou encerramento tenham alguma conexão com o Brasil. Mas é a primeira vez que isso acontece. E a primeira vez também que temos uma abertura em 3D, de Amazônia, numa projeção gloriosa”, comemorou a diretora do Festival, Ilda Santiago.
Ilda conta que outra preocupação na edição deste ano foi com a sustentabilidade. “Tivemos um festival muito político, com muitas produções falando sobre o tema da sustentabilidade. Amazônia e Serra Pelada são exemplos para o mundo, nesse sentido: do que pode ser o futuro e do que foi feito no passado, mas não deve ser repetido”, acredita.
O Festival do Rio ganhou cores políticas, fora das telas, por força das circunstâncias. As manifestações de apoio aos professores ficaram concentradas na região da Cinelândia, no Centro, onde fica o histórico cinema Odeon, palco das principais sessões de gala e da cerimônia de premiação. Por isso, as sessões tiveram que ser transferidas para salas do Estação Rio, em Botafogo, e do Cinépolis Lagoon, na Lagoa, entre outras. A entrega do Troféu Redentor aconteceu no Armazém da Utopia, no Cais do Porto, uma das sedes do evento.
“Aprendemos muito este ano, porque vivemos um momento muito específico da cidade, do país. A gente não cogitava tirar as sessões e a premiação do Odeon, tanto que manteve lá o quanto a gente pôde. Só saiu quando virou uma questão de segurança. Nós tivemos que reestruturar as sessões de gala e a premiação. Que ficou linda, parecendo até o Globo de Ouro”, disse Ilda, na noite de encerramento..
À festa não faltou brilho. Mas foi indisfarçável também o esvaziamento que os acontecimentos externos causaram ao evento. Diversos premiados não foram até o Cais receber seu troféu, como os melhores diretores, Cao Guimarães e Marcelo Gomes, de O Homem das Multidões, e o melhor montador, Mair Tavares, de Estada 47. Ainda assim, havia gente suficiente para criar um clima de torcida organizada para alguns vencedores, como a atriz Leandra Leal (de O Lobo Atrás da Porta), o ator Jesuíta Barbosa (de Tatuagem) e o roteirista Paulo Morelli (de Entre Nós).
A noite final foi inteiramente dedicada ao cinema brasileiro, como acontece todo ano. Mas o Festival teve sua boa dose de personalidades estrangeiras convidadas, especialmente diretores, como o americano Lee Daniels (provável indicado ao Oscar por O Mordomo da Casa Branca), o italiano Paolo Sorrentino (vencedor do prêmio de melhor diretor em Cannes por A Grande Beleza) e o argentino Juan José Campanella (estreando em animações com Um Time Show de Bola). Cerca de 300 mil pessoas assistiram a quase 400 filmes, num evento imprescindível no calendário anual da cidade.
Confira abaixo todos os vendedores do Festival do Rio 2013:
Competição oficial:
Melhor Longa-Metragem de Ficção
De Menor, de Caru Alves de Souza
O lobo Atrás da Porta, de Fernando Coimbra
Prêmio Especial do Júri – Ficção
Tatuagem, de Hilton Lacerda
Melhor Longa-Metragem Documentário
Histórias de Arcanjo – Um documentário sobre Tim Lopes, de Guilherme Azevedo
Prêmio Especial do Júri – Documentário
A Farra do Circo, de Roberto Berliner e Pedro Bronz
Menção Honrosa do Júri – Documentário
Cativas – Presas Pelo Coração, de Joana Nin
Damas do Samba, de Susanna Lira
Melhor Curta-Metragem
Contratempo, de Bruno Jorge
Melhor Direção
Cao Guimarães e Marcelo Gomes, por O Homem das Multidões
Melhor Ator
Jesuíta Barbosa, por Tatuagem
Menção Honrosa do Júri – Ator
Francisco Gaspar, por Estrada 47
Melhor Atriz
Leandra Leal, por O Lobo Atrás da Porta
Melhor Atriz Coadjuvante
Martha Nowill, por Entre Nós
Melhor Ator Coadjuvante
Rodrigo García, por Tatuagem
Menção Honrosa do Júri – Ator Coadjuvante
Julio Andrade, por Entre Nós
Silvio Guindane, por Jogo das Decapitações
Melhor Roteiro
Paulo Morelli, por Entre Nós
Melhor Montagem
Mair Tavares, por Estrada 47
Melhor Fotografia
Pedro Urano, por Quase Samba
Prêmio do público
Melhor Longa-Metragem – Ficção
Tatuagem, de Hilton Lacerda
Melhor Longa-Metragem – Documentário
Fla x Flu, de Renato Terra
Melhor Curta-Metragem
Jessy, de Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge
Mostra Novos Rumos
Melhor Longa-Metragem
Tão Longe é Aqui, de Eliza Capai
Menção Honrosa do Júri – Longa-Metragem
O Menino e o Mundo, de Alê Abreu
Melhor Curta-Metragem
Todos Esses Dias em que Sou Estrangeiro, de Eduardo Morotó
Menção Honrosa do Júri – Curta-Metragem
Lição de Esqui, de Leonardo Mouramateus e Samuel Brasileiro
Prêmio Fipresci
Melhor Longa Latino-Americano
Tatuagem, de Hilton Lacerda
Mostra Geração
Prêmio do Público
Tom, o Garoto Malandro, de Manuel Prada
Prêmio Forno de Minas para Curta-Metragem
A Galinha que Burlou o Sistema, de Quico Meirelles