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O Don Juan da democracia racial

Lázaro Ramos é o garanhão de Insensato Coração. Mas será que seu personagem é verossímil?

Por Renata Megale
21 fev 2011, 10h56

Seguro, simpático, poderoso, rico. E muito, muito paquerador. É assim que André Gurgel, personagem de Lázaro Ramos em Insensato Coração, é apresentado ao espectador no capítulo inaugural da novela de Gilberto Braga. Presente a uma cerimônia para receber o prêmio de melhor designer do ano, ele aproveita para passar uma cantada na pessoa que lhe entrega o troféu, a ex-participante de reality show Natalie (Deborah Secco). “Essa coisa de entregar prêmio deixa a gente muito exposta”, comenta ela, já fora do palco. “Eu bem que estou a fim de ver você exposta”, responde o designer, que inicia nova investida assim que a presa sai de perto. Ele visualiza Carol (Camila Pitanga) e dispara um xaveco ainda mais fraco, “Não te conheço de algum lugar?” Apesar de baratas, essas cantadas fazem de André Gurgel o maior predador do horário nobre da Globo. E acendem um debate sobre a verossimilhança do seu personagem, enriquecido por questões raciais: um Don Juan negro faria esse sucesso todo com a mulherada?

https://youtube.com/watch?v=U8NvMrQ8vgE

Para o coautor do livro O Manual da Paquera, Daniel Madeira, a vida, inclusive a amorosa, é mais difícil para o negro do que para o branco. “O racismo no Brasil pode ser mais ameno que em outros países, mas existe. Há uma cena na própria novela em que o personagem reclama de ter sofrido preconceito ao comprar um relógio. O homem negro precisa pedalar mais para chegar lá”, diz Madeira. Por outro lado, André Gurgel tem dinheiro e segurança, duas características para lá de afrodisíacas.

Dinheiro e segurança, aliás, são para Madeira as únicas características de André Gurgel que se encaixam no perfil do autêntico pegador – o que contaria contra a verossimilhança da personagem. De acordo com o especialista, que dá aulas como conselheiro amoroso ou personal paquera, como prefere, um predador que se preze tem inteligência, altura e beleza, e nem André Gurgel é um gênio da lábia nem Lázaro Ramos é exatamente um Lenny Kravitz.

Na área da lábia, Madeira dá dicas valiosas – que Gilberto Braga e Ricardo Linhares já podem anotar. “Na paquera, o homem deve abordar seu alvo de maneira indireta, buscando algum assunto de interesse da mulher para depois criar uma ligação direta entre eles.”

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Já para o psicanalista Alfredo Simonetti, autor do livro O Nó e o Laço – Desafios de um Relacionamento Amoroso, a cor do personagem pode ser também uma arma a seu favor. “Existe um mito em torno do desempenho de um negro nas relações sexuais, seja homem ou mulher.” Também colabora para a boa avaliação do personagem, segundo Simonetti, a sua posição de macho alfa, que domina e dirige a situação.

A redenção do pegador – Se Insensato Coração seguir a vocação de folhetim, André Gurgel terminará ao lado de Carol, a personagem de Camila Pitanga que é apaixonada por ele desde a adolescência. Apesar de iniciar a trama como garanhão, a mudança é uma possibilidade dentro do horizonte do personagem. “É natural, os homens não conseguem ficar sozinhos, e mais cedo ou mais tarde acabam procurando um relacionamento”, diz Simonetti.

Neste momento da trama, André Gurgel está balançado, mas ainda se nega a arriscar uma relação mais séria com Carol. Não se sabe de que recursos os autores da novela vão lançar mão para unir os dois, mas o personal paquera Daniel Madeira dá novas dicas para a dupla. “Se a Carol se fizer de difícil, deixando de atender às ligações dele e se dizendo ocupada quando surgirem convites, André vai acabar ficando maluco”, diz. Os obstáculos dificultariam as investidas do predador sobre a presa e tornariam o desafio mais excitante, garante Madeira.

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