Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O diretor fora da caixa

Para Antunes Filho, o teatro era um formador de opinião e de consciência

Por Da Redação Atualizado em 10 Maio 2019, 07h00 - Publicado em 10 Maio 2019, 07h00

Nas coxias do teatro brasileiro, a fama de Antunes Filho o precedia. Genial, difícil, controverso. São diversos os adjetivos atribuídos ao diretor e encenador paulistano. E todos eles convergem para seu vasto legado. Antunes foi cria do Teatro Brasileiro de Comédia, o TBC, companhia paulistana que importou peças e diretores estrangeiros. A experiência ali o levou ao movimento de renovação teatral brasileiro que, entre os anos 1960 e 1970, deu nova cara estética às produções, as quais passaram a beber mais de tramas nacionais e a buscar certo tom político. Para ele, o teatro era um formador de opinião e de consciência. O principal fruto dessa linha viria em 1978, com Macunaíma — a adaptação da mais inventiva obra modernista de Mário de Andrade tornou-se um marco da encenação brasileira, comparável a Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, montada por Ziembinski em 1943. A peça rodou o Brasil e o exterior, somando quase 900 apresentações em uma década de estrada.

O diretor se dizia travesso, um “espírito de porco”, características que o faziam sentir-se atraído por tipos “fora da caixa”, como o próprio Macunaíma, ou Policarpo Quaresma e Bacamarte, personagens não muito certos de Lima Barreto e Machado de Assis. Também levou aos palcos obras de Guimarães Rosa e Ariano Suassuna, sem negligenciar os maiores nomes do teatro mundial, de William Shakes­peare a Samuel Beckett. O favorito, contudo, era Nelson Rodrigues. Antunes começou montando A Falecida, seguida por Bonitinha, Mas Ordinária, e arrebatou o público nos anos 1980 com Nelson Rodrigues — O Eterno Retorno, obra que unia trechos de quatro peças do autor.

Se o contemporâneo José Celso Martinez Corrêa é conhecido pelas trupes anárquicas, Antunes era o diretor da disciplina, dos métodos quase espartanos. Grande incentivador de jovens atores, em seu trabalho no Centro de Pesquisa Teatral (CPT) formou nomes como Matheus Nachtergaele, Giulia Gam, Marcelo Medici, entre outros que levaram adiante os ensinamentos do mestre febril. Antunes Filho morreu na quinta-feira 2, aos 89 anos, em São Paulo, de complicações de um câncer de pulmão.

Publicado em VEJA de 15 de maio de 2019, edição nº 2634

Envie sua mensagem para a seção de cartas de VEJA
Qual a sua opinião sobre o tema desta reportagem? Se deseja ter seu comentário publicado na edição semanal de VEJA, escreva para veja@abril.com.br

 

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.