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‘O bem vence no final’, diz coreógrafo da Gaviões da Fiel sobre desfile

Comissão de frente da escola mostrou Jesus e Satanás em um embate e foi criticada nas redes; Edgar Junior afirma que ideia era mexer com a fé do público

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 6 mar 2019, 20h31 - Publicado em 6 mar 2019, 20h07

Já na madrugada do domingo 3, a Gaviões da Fiel entrava para os trending topics (a lista de assuntos mais comentados) do Twitter por causa de seu desfile no Carnaval de São Paulo. Os comentários não eram elogiosos: boa parte deles criticava a escola de samba por uma representação em sua comissão de frente que mostrava Jesus e Satanás em um embate – que o filho de Deus parecia perder. Na segunda-feira 4, a Frente Parlamentar Evangélica da Câmara dos Deputados repudiou o desfile, afirmando que ele havia desrespeitado a figura de Jesus e “escarnecido” da fé cristã. Coreógrafo responsável pela coordenação da comissão de frente da Gaviões, Edgar Júnior afirma que a ideia era justamente o contrário: mostrar que, apesar dos testes diários, a fé é o caminho a ser seguido.

“O personagem do diabo está ali para testar a fé do Santo Antão”, conta. “O enredo mostra que o diabo perde a batalha para os anjos do bem diversas vezes. Depois disso, ele coordena com as forças do mal e batalha com Jesus, que realmente sofre. Mas, no final, os anjos protegem Jesus e ele aparece forte, abençoa a plateia, os anjos do bem e do mal e até o diabo, porque ele é uma pessoa de luz. Acaba a guerra e ele fala com Santo Antão como a dizer: ‘Não perca a sua fé, sempre vão testá-la, mas estou aqui contigo’. O bem vence no final.”

Edgar afirma que a ideia da representação de Jesus e do diabo era mesmo chocar o público e provocar uma reflexão sobre a fé. “O recado era que todo dia estamos crucificando Jesus aos poucos: quando o marido trai a esposa, alguém pega um troco errado e coloca no bolso, tem um político roubando dinheiro do povo. Isso não é o ensinamento de Jesus”, diz. “A nossa intenção era mostrar que a gente lida com o mal a todo momento. Para fazer as pessoas repensarem um pouco e darem mais atenção às palavras de Deus, que Jesus deixou para a gente.”

A Gaviões levou para a avenida uma reedição de um enredo originalmente apresentado pela escola em 1994, sobre a história do tabaco, que tanto pode ter seu lado positivo – como em rituais de religiões africanas e a cura de dores, por exemplo –, quanto negativo – o vício de fumá-lo. Edgar Júnior conta que uma lenda relaciona o tabaco a Santo Antão, um santo do Egito que teria vivido entre os anos de 251 e 356. A lenda diz que, ao ser traído e picado por uma serpente que ele acolhera em sua casa, cuspiu o veneno no chão e, daí, surgiu um pé de tabaco.

Ofensas e fake news

Edgar afirma que componentes da Gaviões da Fiel passaram a ser ofendidos e ameaçados nas redes sociais por causa da repercussão negativa. Houve, ainda, um outro desdobramento: a propagação de uma notícia falsa que diz que o ator que interpretou o diabo no desfile no Anhembi sofreu um acidente de carro e acabou morrendo. “Ninguém zomba de Deus”, diz a publicação compartilhada nas redes sociais que traz a lorota. O coreógrafo afirma que o rapaz vem sofrendo ameaças e que até apagou as redes sociais por causa das críticas, mas que está bem e que a história do acidente não passa de mentira.

Edgar conta que sabia que a imagem da batalha entre Jesus e Satanás era forte, mas não imaginava que fosse se tornar tão polêmica. “O projeto foi mostrado a todos os setores da escola, que aprovaram a ideia. O presidente (Rodrigo Gonzalez Tapia) também sabia e aprovou. Ele com certeza vetaria caso achasse que a representação poderia ofender alguém”, afirma. Tapia é cristão e, na terça-feira 5, momentos antes de começar a apuração do Carnaval de São Paulo, pediu que os presentes da sede da escola fizessem uma oração.

Componentes da escola de samba Gaviões da Fiel interpretam Jesus Cristo e o diabo, na comissão de frente – 03/03/2019 (Nelson Gariba/Brazil Photo Press/Folhapress)
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