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‘O Bebê de Rosemary’ completa 50 anos de satanismo com o selo Polanski

Nesse meio século, clássico do terror não perdeu virtudes e deixou nos olhos de muitos cinéfilos a imagem de espanto de Rosemary ao ver o rosto do filho

Por agência France-Presse
Atualizado em 12 jun 2018, 19h08 - Publicado em 12 jun 2018, 11h28

A história do cinema tem uma longa lista de filmes sobre “o coisa ruim”, mas foi O Bebê de Rosemary, que Roman Polanski lançou há exatos cinquenta anos, a produção capaz de arrepiar até o mais destemido espectador.

Fielmente baseado no livro de mesmo nome de Ira Levin, o longa chegou às telonas em 12 de junho de 1968 e foi o primeiro totalmente americano do diretor polonês, que deu uma lição sobre como criar um clima de medo e insegurança a partir de elementos cotidianos.

Nada tão cotidiano quanto um casal jovem que se muda para um apartamento em Nova York e decide ter um filho, entre vizinhos estranhos e solícitos demais e um marido capaz de tudo para triunfar como ator. A história começa quando Rosemary (a primeira protagonista de Mia Farrow), depois de um pesadelo, fica grávida e passa a suspeitar de que uma terrível ameaça paira sobre ela e o bebê que espera. A gravidez a emagrece e provoca um enorme mal-estar.

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Polanski conduz com mestria a carta da ambiguidade neste filme. “Não quero que o espectador pense ‘isto’ ou ‘aquilo’, não quero que tenha certeza de nada. Isto é o mais interessante: a incerteza”, disse à época.

(Paramount Pictures/Creative Commons)

A imaginação é, de fato, a melhor máquina para criar terror, se os indícios são suficientemente sugestivos — e neste caso são, embora envolvidos em uma falsa normalidade e com a obsessão de Polanski pelo detalhe.

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“Não existe nada de sobrenatural, salvo o pesadelo. A ideia do diabo poderia ser considerada como paranoia de Rosemary durante a gravidez ou uma depressão pós-parto”, disse Polanski quando do lançamento e estouro do filme.

A ambiguidade é garantida pela empatia imediata do espectador com a frágil e angelical Rosemary, que se afunda cada vez mais em um ambiente no qual o marido, seu médico e os intrometidos vizinhos assumem o controle de tudo, até dela mesma.

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Uma fragilidade e um desespero que contrastam com a então principiante Mia Farrow, que se candidatou ao trabalho mesmo com a oposição do então marido, Frank Sinatra (que enviou o pedido de divórcio para o set de filmagem), e que foi capaz de comer fígado cru pelo papel, apesar de ser vegetariana.

“Para ser sincero, não estava empolgado com ela até começarmos a gravar. Foi aí, para minha surpresa, que descobri que é uma atriz brilhante. Este é um dos papéis femininos mais difíceis que posso imaginar”, reconheceu o diretor.

A atriz Ruth Gordon como Minnie Castevet, em cena do filme O Bebê de Rosemary, de 1968 (Paramount Pictures/Creative Commons)

O Oscar daquele ano, no entanto, foi para Ruth Gordon, que constrói com mestria o papel da peculiar vizinha Minnie Castevet.

A relação do diretor não foi tão boa com John Cassavetes, que interpreta o marido de Rosemary. Para Polanski, o ator tinha métodos muito distantes da sua obsessão pelo planejamento e pela infinita repetição de tomadas.

A atriz Mia Farrow e o diretor de cinema e ator John Cassavetes, durante a gravação de ‘O Bebê de Rosemary’, dirigido por Roman Polanski (Harry Benson/Express/Getty Images)

 

Como quase qualquer filme de terror, O Bebê de Rosemary não passou impune da mancha negra, a começar pelo local onde foi filmado. Foi na portaria do edifício Dakota, em Nova York, que John Lennon foi assassinado e onde, no início do século XX, viveu o mestre do ocultista Aleister Crowley, que, segundo a lenda, praticou lá alguns dos seus rituais.

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Em uma época em que as seitas ocultistas proliferavam nos Estados Unidos, membros de algumas delas se reuniram na porta do prédio ao saber da temática do filme e ameaçaram Polanski para que interrompesse as filmagens. Houve até quem enxergasse vínculos entre o assassinato da esposa de Polanski, Sharon Tate, grávida de oito meses, e morta pela seita de Charles Manson, um ano depois.

De toda forma, O Bebê de Rosemary não perdeu suas virtudes e deixou nos olhos de muitos cinéfilos a imagem de espanto de Rosemary ao ver pela primeira vez o rosto do filho. Uma imagem negada ao espectador porque, como ponderou Polanski com razão, “mostrar a criança teria sido um grande erro”.

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Mia Farrow se aproxima com uma faca do berço do filho (Paramount Pictures/Getty Images)
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