Netflix critica agência de atores brasileira acusada de racismo
Empresa de casting foi encarregada de contratar talentos para ‘3%’, série original do canal de streaming
A Netflix se isentou de qualquer culpa e repudiou o método de trabalho da agência + Add Casting, responsável por encontrar atores para a primeira série brasileira original do canal de streaming, batizada de 3%. A agência, contratada pela produtora Boutique Filmes, está sendo acusada de racismo por causa da mensagem de um e-mail, que vazou na internet esta semana, que diz ser difícil encontrar um ator negro e bonito. “Precisamos de um ator jovem, na faixa dos 20/25 anos, muito bonito. A direção gostaria que ele fosse negro, então o ideal seria ter um ator negro e muito bonito, mas conscientes do grau de dificuldade, faremos teste também com os bons atores, lindos, que não sejam negros”, diz um trecho da mensagem.
Leia também:
Streaming da HBO poderá ser comprado sem operadora de TV
Netflix estreia no cinema com drama sobre garoto-soldado
Netflix chega a 69 milhões de assinantes no mundo
Em resposta, a Netflix se manifestou em seu perfil no Twitter. “O e-mail sobre o teste de elenco de 3% foi enviado sem o conhecimento ou aprovação da Netflix, e contradiz tudo em que acreditamos. Junto à Boutique Filmes, estamos trabalhando para tomar as devidas providências, e lamentamos o que aconteceu.”
A produtora também respondeu em suas redes sociais. “Estamos chocados com o e-mail enviado pela empresa terceirizada produtora de casting. A linguagem usada é inaceitável e nunca foi aprovada por nós. O texto não representa nossa visão como empresa. Também não representa o espírito da série ou a orientação de casting, que busca retratar a diversidade da população brasileira.”
Já a agência de casting pediu desculpas pelo conteúdo e afirmou que o texto foi mal interpretado, pois o número de negros disponíveis no mercado é baixo. “A dificuldade a que nos referíamos estava relacionada à quantidade de pessoas com o perfil a ser selecionado. Daí a necessidade, inclusive de se buscar pessoas em diversos locais e a intenção do e-mail, mal interpretado, em trazer um número maior de pessoas negras à seleção de elenco.”
A resposta não foi bem aceita por usuários das redes sociais, que entraram no perfil da agência para fazer comentários de repúdio e ironia. Com sete episódios em sua primeira temporada, 3% começa a ser gravada no ano que vem e está prevista para estrear em todos os países que possuem o serviço de streaming no fim de 2016. Os atores João Miguel e Bianca Comparato são os protagonistas do programa.