Nem nudez de Matt Damon salva ‘Behind the Candelabra’
História do romance do pianista Liberace com o jovem Scott Thorson resultou numa produção com pouca personalidade - é um filme para a TV, e nada mais
Behind the Candelabra (“Atrás do candelabro”, na tradução literal) é dirigido por Steven Soderbergh, um cineasta consagrado, vencedor da Palma de Ouro com Sexo, Mentiras e Videotape (1989). Conseguiu uma vaga entre os 20 selecionados para a competição no 66º Festival de Cannes. Mas, depois da exibição para a imprensa na manhã desta terça-feira, dá para dizer que Behind the Candelabra é um filme de televisão e nada mais.
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O diretor tentou vender a história do romance do pianista Liberace (Michael Douglas, ótimo) e do jovem Scott Thorson (Matt Damon, sempre competente) para estúdios de cinema, mas produções para adultos têm muita dificuldade de encontrar financiamento hoje em dia em Hollywood. O canal de televisão por assinatura HBO comprou a ideia. Mas, por ser Soderbergh e por estar na competição aqui, esperava-se mais do que um filme tradicional, com pouca personalidade em termos visuais.
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O personagem – Liberace (1919-1987) era um personagem e tanto, com seus figurinos cheios de glitter e paetês e show espetaculosos. Era amado pelo público feminino nos anos 1970 e 1980 – daí seu temor de sair do armário. Ele morreu de aids numa época em que a questão era bem tabu ainda. A causa oficial da morte foi ataque cardíaco.
O que vai atrair a atenção para o filme, claro, é ver Michael Douglas e Matt Damon fazendo papel de homossexuais, beijando-se na boca e até numa breve cena de sexo. A nudez de Damon é rapidamente explorada, numa cena em que surge de costas, bronzeado com uma sunga fio dental. Mas, no fundo, é mais um longa-metragem que não tem muita razão de estar na competição. E talvez seja mesmo hora de Soderbergh dar um tempo – em tese, este é seu último trabalho antes de um sabático.
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A coletiva que se seguiu à exibição foi bem melhor do que o filme. Michael Douglas disse que se lembra de conhecer Liberace quando tinha uns 12 anos, na casa de seu pai, Kirk Douglas, em Palm Springs. “Ele tinha tanto ouro, anéis, e seu cabelo estava fora do lugar – agora sei por quê (o artista usava peruca). Era o antepassado de Elton John e Lady Gaga.” Soderbergh fez a proposta ao ator muitos anos atrás, quando os dois rodavam Traffic (2000). “Achei que ele estava tirando uma da minha cara. Sete anos mais tarde, Steven achou o livro escrito pelo Scott. Para mim, foi importante porque foi logo depois do meu câncer”, contou o ator, emocionado. “Sou muito grato a Steven, Jerry (Weintraub, produtor) e Matt por isso.”
Bom humor – Já Matt Damon provocou muitas risadas ao dizer que estar na cama com Michael Douglas foi ótimo. “Agora tenho algo em comum com Sharon Stone, Demi Moore e Glenn Close. Podemos sair e trocar histórias.” Mais adiante, comentou como foi exibir seu traseiro, com marquinha de sunga fio dental, que ele conseguiu graças a um processo chamado “Brazilian spray tan” (ou bronzeamento a jato brasileiro). “Contei para o Steven que tinha feito esse bronzeamento para poder provar direito as roupas e brinquei que tínhamos de mostrar. Steven só disse: ‘Sei onde colocar a câmera!'”, disse. “Trabalhei sete vezes com essa mesma equipe, falei para eles que podiam olhar quanto quisessem, mas que não dava para esquecer depois de ver.”