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Morre no Rio o artista plástico Tunga, aos 64 anos

O pernambucano, um dos nomes mais importantes da arte contemporânea brasileira, estava internado desde 12 de maio. Ele morreu em decorrência de um câncer

Por Da Redação
6 jun 2016, 18h37

O escultor, desenhista, cineasta e artista performático pernambucano Tunga morreu nesta segunda-feira, aos 64 anos. Antonio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, nome de batismo do artista, estava internado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, desde 12 de maio, e morreu em decorrência de um câncer na garganta.

Um dos nomes mais importantes da arte contemporânea brasileira, ele buscava na justaposição de materiais muito mais que efeitos formais, sugerindo uma relação transcendental, alquímica, por meio da matéria. Ele recorreu aos mais diversos – e insólitos – materiais para construir sua obra.

Uma delas certamente vai ficar como a mais representativa de uma carreira de mais de 40 anos, iniciada em 1973. Chama-se simplesmente Ão. É de 1980 e foi recentemente comprada pelo Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Trata-se de um filme feito em uma seção curva do túnel Dois Irmãos, no Rio de Janeiro, onde Tunga morava. O trecho é repetido em looping, sugerindo um circuito da câmera em círculos, como se o tempo prosseguisse e o espectador não saísse do lugar, sem comunicação com o espaço exterior, numa jornada sem fim ao som de Frank Sinatra (Night and Day).

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Tunga fez vários outros filmes, alguns em parceria com Eryk Rocha, filho de Glauber. Mas foram suas esculturas e instalações que o levaram a ser disputado por colecionadores e museus internacionais. Além do MoMA de Nova York, outro museu importante que tem obras suas é o espanhol Reina Sofia.

A forma circular foi quase uma obsessão para Tunga nos anos 1980. Uma das primeiras exposições do artista em São Paulo que despertou a atenção dos críticos, Le Bijoux de Madame de Sade (1983), realizada no então Gabinete de Arte de Raquel Arnaud, exibia como peça principal um gigantesco anel de metal.

Como um alquimista, Tunga foi experimentando outros materiais nas décadas seguintes, aproximando-se estreitamente da alquimia. Ferro, cobre, aço, chumbo, mercúrio, cristais, ímã foram usados em peças que investigavam o campo magnético e a presença do invisível, que para ele sempre foi motivo de fascinação.

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Chegou a trabalhar com seres vivos em obras como Vanguarda Viperina e Laminadas Almas, investigando simultaneamente o aspecto biológico dos corpos e as formas de energia oriundos da interação entre eles. Foi observando serpentes enroladas que surgiram suas “tranças” de chumbo, que inspiraram performances como as das xifópagas capilares (1984), duas garotas unidas pelos cabelos.

Em Lézart�, uma das obras de seu pavilhão em Inhotim, não há solda entre as chapas de ferro e o arame. Esses materiais são ligados por força dos ímãs que os atraem. Aliás, Tunga foi o artista que sugeriu ao empresário Bernardo Paz a criação daquele centro de arte mineiro que reúne alguns dos principais nomes de arte contemporânea brasileira. Foi num encontro na casa de Paz que essa ideia nasceu. O pavilhão dedicado a Tunga é um dos mais impressionantes do lugar, hoje espécie de seu mausoléu.

(Com Estadão Conteúdo)

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