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Moraes Moreira e Davi Moraes revivem ‘Acabou Chorare’

Por Da Redação
19 abr 2012, 10h50

Por AE

São Paulo – O guitarrista Davi Moraes, de 38 anos, viu-se na estranha posição de destrinchar arranjos dois anos mais velhos do que ele. Mas suas mãos seguiram pelo braço da guitarra, percorrendo as notas com uma naturalidade que o espantou. Tudo está no sangue do músico carioca que viveu, por dois anos, no mesmo lugar onde aquelas dez canções foram criadas, o Sítio do Vovô, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, por seu pai Moraes Moreira e os outros Novos Baianos.

“Acabou Chorare”, celebrado como um dos maiores discos da música brasileira, completa quatro décadas de vida (e que vida!) em 2012. Em sua homenagem, Moraes não hesitou em chamar seu filho (tão cria do estilo de vida da banda como o próprio disco) para recriá-lo na íntegra, sem invencionices, como será mostrado nesta quinta-feira, às 22h, dentro da programação do evento Vivo Open Air, após a exibição do documentário “Senna”, no Jockey Club.

“Pepeu Gomes (guitarrista dos Novos Baianos) sempre foi um grande mestre para mim”, conta Davi. Foi ouvindo a guitarra delirante de Pepeu, no disco instrumental “Geração do Som”, de 1978, que Davi se viu impulsionado a seguir seus passos e aprender a tocar o instrumento. “Essa é a minha história musical. Aprendi tudo com o meu pai e o Pepeu, vendo-os tocar. Quando começamos a pensar na celebração dos 40 anos, percebi que tudo estava dentro da minha cabeça.”

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Toda a ideia nasceu em agosto do ano passado, em um show de pai e filho no Studio SP, casa frequentada por jovens descolados no Baixo Augusta. Foi lá que Moraes percebeu algo que já era gritante há algum tempo. Sua obra possui a rara habilidade de se renovar a cada geração. Em seus shows próprios, músicas como “Preta Pretinha” e “Besta é Tu”, ambas do famoso álbum, eram cantadas por pais e filhos, senhores e jovens. “As letras e os arranjos são modernos”, diz Moraes, sem modéstia. “Nada ficou datado, como aquele uso de teclado da época. Nós dos Novos Baianos marcamos pelos cabelos compridos e as roupas coloridas em plenos anos da ditadura. E os jovens veem na gente um grupo que vivia unido em torno de um ideal.”

Ao contrario do que se passou com músicos contestadores durante as décadas de 1960 e 1970, os Novos Baianos não eram alvos de grande atenção por parte da mão de ferro ditadura militar. “Com o nosso visual, não podíamos ser comunistas (risos)”, brinca Moraes. Seus versos incitavam o nacionalismo, mas não eram explicitamente contestadores. “Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor”, diz a canção “Brasil Pandeiro”, por exemplo, com versos emprestados de Assis Valente, que abre “Acabou Chorare”.

Formados por Moraes Moreira, Pepeu Gomes, Luiz Galvão, Dadi, Jorginho Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Baby Consuelo, os Novos Baianos viviam numa espécie de comunidade hippie, no subúrbio do Rio de Janeiro. A atitude roqueira do grupo no primeiro álbum, “É Ferro na Boneca” (1970), se fundiu com gêneros bem brasileiros, como o frevo, o samba e o baião, em “Acabou Chorare”, lançado dois anos depois.

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Tudo graças a um certo João, que entrou em suas vidas um ano antes. Pai e mestre maior da bossa nova, João Gilberto se encantou com aquele grupo que não se desgrudava e passou a visitá-los com frequência. “De uma forma bem sutil, ele começou a interferir na nossa música”, diz Moraes, influência essa que pode ser conferida no documentário “Os Filhos de João, o Admirável Novo Mundo Baiano”, dirigido por Henrique Dantas (2011). A já citada “Brasil Pandeiro”, por exemplo, foi uma sugestão de Gilberto. As informações são do Jornal da Tarde.

Acabou Chorare – Vivo Open Air.

Jockey Club. Av. Lineu de Paula Machado, 1.263, Cidade Jardim. Compra pelo site: https://www.ingressorapido.com.br. Quinta, às 22h. Ingresso: R$ 40.

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