Modesto Carone: a metamorfose de Kafka no Brasil
Tradutor, cronista e ensaísta morreu na segunda-feira 16, aos 82 anos, em São Paulo, depois de uma parada cardiorrespiratória
“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.” Se lemos as primeiras linhas, e todo o restante de A Metamorfose, de Franz Kafka, de 1915, em versão para o português, no tom exato do “alemão calcificado e burocrático que o escritor utilizou para criar uma ficção que expressa a normalização do absurdo”, nas palavras do crítico literário Manuel da Costa Pinto, esse feito se deve ao trabalho do tradutor, cronista e ensaísta Modesto Carone. Ele impôs a si mesmo, a partir de 1983, a missão de verter para o português a obra completa de Kafka, direto do alemão — e não de outros idiomas, como o inglês. Foi bem-sucedido, celebrado na academia e nos círculos da boa literatura. Em 2009, Carone recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) pelo ensaio “Lição de Kafka”. Morreu na segunda-feira 16, aos 82 anos, em São Paulo, depois de uma parada cardiorrespiratória.
Publicado em VEJA de 25 de dezembro de 2019, edição nº 2666