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‘Minha Mãe É uma Peça’: roteiro fraco só amarra piadas

Nem Dona Hermínia, personagem cômica criada e eternizada por Paulo Gustavo no teatro, salva o enredo simplório do filme, que cansa pela repetição de piadas

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 jun 2013, 14h25

Criada em 2004 pelo comediante Paulo Gustavo, quando ainda estudava na Casa das Artes de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, a personagem Dona Hermínia passou pelo teatro, com o monólogo Minha Mãe É uma Peça, em cartaz há sete anos, e pela televisão, como esquete no humorístico 220 Volts, ainda na programação do canal Multishow. A personagem, inspirada na mãe do ator, entre outras, e interpretada por ele mesmo, chega a novo formato nesta sexta-feira, quando estreia nos cinemas o longa Minha Mãe É uma Peça – O Filme. Ao contrário do que se vê no teatro ou no programa de TV, no entanto, o longa não empolga muito. Ele peca pelo fraco roteiro, assinado pelo próprio Paulo Gustavo em parceria com Fil Braz, e pela constante repetição de piadas.

Na história, Dona Hermínia se cansa das afrontas e desmandos dos filhos, Marcelina (Mariana Xavier) e Juliano (Rodrigo Pandolfo), e decide sair de casa para passar alguns dias com uma tia, Zélia (Suely Franco). Apesar do ato rebelde, ela não deixa de se preocupar com os filhos e começa a lembrar de todas as vezes em que tentou ajudá-los e protegê-los – mas só acabou atrapalhando. Enquanto isso, os dois vivem um momento de euforia por estar finalmente livres da chatice da mãe. Até perceber que vai ser muito difícil se virar no dia a dia sem ela.

O episódio, ainda que não seja autobiográfico, tem semelhanças com a vida de Paulo Gustavo, que comprou uma casa para morar sozinho, mas não conseguiu e acabou chamando a mãe, Dona Deia, para lhe fazer companhia. “Tenho muito medo. Acordava à noite e pensava que tinha algum ladrão dentro da casa. Aí, chamei minha mãe para morar comigo”, disse o ator.

Outras histórias, essas, sim, inspiradas na mãe de Paulo Gustavo, entraram no filme, como aquela em que ela vai atrás do filho em uma boate para levá-lo de volta para casa, quando ele ainda era adolescente. No longa, Dona Hermínia persegue a filha Marcelina de pijama até uma festa, sobe ao palco e grita ao microfone que não vai sair dali enquanto a menina não aparecer. Na cena, ela aproveita para chamá-la de gorda por um motivo qualquer, como acontece tantas outras vezes no longa. A referência ao peso da menina é tão recorrente que, se foi engraçada em algum dos casos, deixou de ser ao se repetir indefinidamente.

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O estereótipo de gordinha que vira alvo de graça de todos não é o único abordado pelo longa. Também estão lá o do filho que é gay enrustido, o do ex-marido que se casou com uma mulher menos estressada e mais “perua”, o da tia viúva que aproveita as tardes bebendo uísque e dançando Sidney Magal. E não há nada demais no uso desses estereótipos pelo humor, mas quando isso se torna a única arma do filme, ela se esgota rapidamente.

Se Paulo Gustavo e o diretor do longa, André Pellenz, com quem o ator trabalha em 220 Volts, tivessem se voltado no que tem de mais humano – e naturalmente engraçado – em cada um dos personagens, o resultado poderia ter sido diferente. Não à toa, um dos momentos mais divertidos do filme é quando ele termina: enquanto sobem os créditos, é mostrada uma gravação de Dona Deia, feita por Paulo Gustavo. No vídeo, ela aparece vestida exatamente igual à Dona Hermínia, com uma roupa florida e bobes nos cabelos. E, pelo diálogo que tem com o filho, feito aos berros, dá para perceber de onde o comediante tira inspiração para as melhores de suas piadas.

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