Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Mercado editorial encolhe 5,16% e ruma para recessão

Segundo pesquisa feita pela Fipe, houve decréscimo de 0,81% no número de exemplares vendidos para o consumidor final e de 9,23% para o governo

Por Da Redação
3 jun 2015, 16h51

Estimado em 5,4 bilhões de reais, o mercado editorial brasileiro está entrando em recessão. Segundo a pesquisa Produção e Venda do Setor Editorial, feita pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) por encomenda do Sindicato Nacional de Editores de Livros (Snel) e da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e anunciada nesta quarta-feira, o crescimento real em 2014, ano base do levantamento, foi negativo: 5,16% menor do que em 2013. A última queda, de 2,6%, havia sido registrada em 2012. Se for descontado o que se faturou com as vendas sazonais para o governo, no valor de 1,2 bilhão de reais, o crescimento foi de 0,86%, já descontada a inflação do período. No ano anterior, o desempenho do mercado foi nulo e o governo foi responsável pelo crescimento de 1,52%.

Leia também:

Em tempo de crise, clássico volta a ser um bom negócio

“Recessão é quando temos dois anos negativos, mas acho que podemos falar, sim, em recessão porque sabemos que 2015 vai ser ainda mais difícil. O Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) é o único obrigatório, os outros programas dependem de dotação orçamentária, e muito provavelmente vamos ver quedas de vendas para o governo”, explica Marcos da Veiga Pereira, presidente do Snel.

Para Luís Antonio Torelli, presidente da CBL, esta é uma crise da qual o setor não poderia escapar. Mas ele é otimista. “Podemos superá-la formando novos leitores. Fico chateado com esses números, mas temos bons tempos pela frente e algo que temos de fazer é colocar o Plano Nacional do Livro e Leitura para funcionar. Infelizmente, ele só anda para o lado”, disse.

Houve um decréscimo de 0,81% no número de exemplares vendidos para mercado. Nas vendas para o governo, a queda é ainda maior: 9,23%. Foram produzidos, no ano passado, 19.285 novos títulos, uma variação de -8,54% em relação a 2013. Em número de exemplares, isso representa 90,8 milhões de cópias. As reimpressões são mais expressivas: 41.544 títulos e 410.480.318 exemplares.

Continua após a publicidade

Considerando apenas as vendas para o mercado, o segmento de livros didáticos registrou faturamento de 1,4 bilhão de reais, 10% a mais do que em 2013. O de livros religiosos teve crescimento de 7,3%, fechando o ano com 558 milhões de reais.

Já o Científico, Técnico e Profissional (CTP) cresceu 5,93% e faturou 1,06 bilhão de reais e o de obras gerais, 4,54% e 1,1 bilhão de reais. Em volume de vendas, obras gerais encabeçam a lista com 115 milhões de exemplares comercializados. Depois aparecem religiosos (73 milhões), didáticos (57 milhões) e CTP (31 milhões). As editoras venderam, em 2014, 1,17 bilhão de reais para o governo federal e 62 milhões de reais para órgãos municipais e estaduais.

Segundo Marcos da Veiga Pereira, o que salvou o mercado em 2014 foram os didáticos e não houve, no segmento de obras gerais, nenhum título que representasse 5% ou 10% do mercado, portanto, nenhum fenômeno editorial.

Livros digitais – Se o faturamento do mercado editorial brasileiro com os e-books saltou de 3,8 milhões de reais em 2012 para 12,7 milhões de reais em 2013, no ano seguinte ele atingiu a marca dos 16,7 milhões. O setor de obras gerais liderou a lista com faturamento superior a 10 milhões de reais, seguido por CTP (4,8 milhões de reais), Didáticos (1,1 milhão) e Religiosos (313.000 reais). As 195 editoras que responderam a pesquisa disseram que venderam 1,2 milhão de conteúdos digitais. O faturamento com PDF e ePub foi de 16,4 milhões de reais e com aplicativos, de 307.000 reais. Embora em ascensão, o mercado digital representa apenas 0,3% do faturamento das editoras com a venda de livros impressos – incluindo, aí, governo e mercado.

Esses números, no entanto, não dão uma boa amostra do mercado. “Não temos uma base capaz de extrapolar e fazer inferência estatística. Apresentamos os números dados pelas editoras, mas Snel e CBL estão discutindo a contratação de um Censo do Livro Digital em 2016 para conhecer os números reais de 2015”, disse Marcos Pereira.

Continua após a publicidade

Diretor também da Sextante, Pereira diz, agora como editor, que o baixo crescimento do mercado de livros digitais no Brasil é surpreendente. “Imaginávamos que ele teria mais relevância do que tem hoje. É difícil responder o motivo, já que o brasileiro tem muitos tablets e leitores, mas o crescimento é mesmo muito baixo.”

Livrarias – As livrarias (e seu e-commerce) ainda são responsáveis por 60% do faturamento das editoras para vendas ao mercado. As distribuidoras aparecem na sequência (21,1%), porta a porta (5,38%), supermercado (1,62%), escolas (1,61%), igrejas e templos (1,43%), exportações (1,42%) e marketing direto (1,19%). Há, ainda, outros canais, como empresas, bancas, site da editora, bibliotecas privadas e venda conjunta com jornal, mas com valores inferiores a 1%.

“Torelli e eu trabalhamos com livros há muito tempo. Vivemos muitas crises e de repente passamos por um período de vacas gordas. Com o tripé economia estável, projeto educacional e distribuição de renda o mercado editorial cresce. A crise é passageira. Não há mal que sempre dure nem bem que nunca acabe. Vamos enfrentá-la de cabeça erguida, sendo criativos e procurando alternativas. Se o Governo vai ter papel menor no mercado, vamos ver o que fazemos”, comenta Pereira. “Em outras épocas, percebemos que é possível sair da crise. E mesmo com ela vemos, por exemplo, redes de livrarias expandindo”, completa Torelli.

(Com Estadão Conteúdo)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.