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Luzes, câmera: a nova direção do cinema em Porto Alegre

Conheça os agitadores da cena underground, independente e revolucionária do cinema da capital

Por Abril Branded Content
Atualizado em 14 nov 2017, 11h00 - Publicado em 14 nov 2017, 11h00

Ao andar pelas ruas do centro de Porto Alegre com o #hellocidades, projeto da Motorola que incentiva a exploração e ocupação urbana, nos deparamos com um personagem que embala a imaginação da cidade desde 1928, mas que ficou meio esquecido entre as décadas de 1990 e 2000. É o Cine Theatro Capitólio, que foi transformado em centro cultural e reaberto ao público em 2015. Com a sua revitalização, uma nova cena de cinema parece ter surgido na capital gaúcha.

Hoje, a cidade é palco de mostras bem específicas: só de filmes brasileiros — como o CineAbacaxi —, só cinema trash — como a Vingança do Lado B —, ou fantástico — como o Fantaspoa. Em comum, têm o fato de serem capitaneados por jovens fãs da sétima arte que agora se tornam realizadores, e com muita vontade e poucos recursos movimentam o mercado de audiovisual.

Fundada em 1987, a Casa de Cinema de Porto Alegre revelou ao Brasil nomes como Jorge Furtado, Ana Luiza Azevedo, Carlos Gerbase e Luciana Tomasi, e inspirou muitos jovens da capital gaúcha a se tornarem apreciadores e realizadores de cinema. Foi o caso de Juliana Balhego, 29 anos. De origem humilde e fã de audiovisual desde sempre, ela recorda com carinho as vezes em que teve oportunidade de frequentar os cinemas de rua de Porto Alegre com a família. “A gente não tinha dinheiro e ia raramente, mas sempre celebramos quando íamos ao Cine Vitória”, diz.

Na Redenção, sala de cinema da Universidade Federal do Rio Grande do Sul inaugurada também em 1987, a relação de Juliana com o cinema se intensificou. ”Foi na universidade que tive oportunidade de ver em tela grande filmes que eu adorava. [A Redenção] se tornou um lugar muito especial para mim, onde fiz amigos que até hoje me estimulam a continuar e a crescer como produtora cultural”, conta Juliana.

Embalada por aqueles passeios e pelos filmes que via quando criança, Juliana passou a cultivar o sonho de fazer cinema. A escolha teve que ser adaptada, já que universidades públicas na capital e região metropolitana não disponibilizam o curso. “Enveredei para a Publicidade, mas sempre procurei estudar sobre audiovisual. Queria poder provocar nas pessoas esses sentimentos que os filmes que eu via me provocavam. Trabalhei e fiz estágios em outras áreas, como iniciação científica e assessorias de comunicação, mas meu sonho sempre foi poder fazer cinema”, conta a jovem.

Em 2012, logo após produzir seu primeiro curta-metragem, Juliana quis ver o resultado de seu trabalho na telona. A essa altura, pensou que outros estudantes poderiam ter a mesma vontade. Foi quando procurou os amigos da sala Redenção e falou sobre o desejo de promover uma mostra universitária. O apoio foi imediato.

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“A primeira edição da Mostra Universitária de Curtas, a Mouc, não deu para ser lá, porque estava em reformas. Daí fizemos na PF Gastal, dentro da Usina do Gasômetro. Abrimos para estudantes de Porto Alegre e Região Metropolitana. A partir das edições seguintes, passamos a chamar estudantes de outros estados. Já tivemos edição com mais de 120 filmes inscritos, com 18 exibidos. Mesmo depois da formatura, promover essa mostra me realiza muito”, diz.

Em sua quarta edição, o evento é feito sem nenhuma verba ou patrocínio. A divulgação é na base do boca a boca e em redes sociais. “É um trabalho de muito de amor, de estratégia de guerrilha. Em 2015, conseguimos alguma verba da universidade e promovemos mais palestras, trouxemos mais profissionais. Mesmo sem incentivos, conseguimos palestras interessantes de gente que também topa por amor. Em um ano trouxemos o Jorge Furtado; em outro ano, o Carlos Gerbase, além de diversos profissionais da área”, diz.

Para Juliana, a intenção é que a mostra seja um ambiente de discussão, de troca, de ruptura de visões, de transformação. E isso se reflete na seleção dos filmes. “O sonho é poder conseguir alguma verba de edital ou patrocínio para que a gente possa trazer todos esses realizadores que têm filmes selecionados para ampliar esse debate, trazer novos olhares. E é um debate que tem sido procurado não só por quem produz, mas por quem é fã de cinema”, diz.

Levando elas para as telas

O mesmo espírito transformador do cinema move seis jovens que fazem, de forma igualmente independente, uma mostra dedicada às mulheres. A intenção da Mostra Ela na Tela é criar espaço para discutir e trocar experiências de igualdade de gênero no cinema. O projeto teve origem em 2015, quando Gabriela Burck, Isabel Cardoso e Clarissa Virmond decidiram criar um espaço de visibilidade para mulheres cineastas, com a exibição de filmes e discussões sobre a produção e o fazer cinema.

Em 2016, as Maris — Marina Burck, Mariana Fonte e Mariani Ferreira — chegaram para reforçar o time e ampliar o alcance da mostra. “O nosso objetivo é dialogar e empoderar as mulheres no audiovisual, para mostrar que um outro tipo de cinema é possível. Já é hora de derrubarmos os estereótipos de gênero e transformarmos os sets em lugares de respeito e oportunidade para as mulheres”, diz Mariana Fonte.

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Mostra voltada para filmes produzidos por mulheres, para mulheres, já conquista público (Ela na Tela/Divulgação)

Com idades entre 24 e 32 anos, as seis realizadoras mostram que esse é um momento importante em que os jovens estão ocupando espaços, mesmo sem patrocínio, para falar e transformar. “Na organização da mostra, a gente experiencia que é possível trabalhar deixando o ego de lado, em um ambiente de ajuda mútua e cooperação. E que o cinema feito por mulheres tem público, tem procura, só precisa de mais espaço. A cada ano, mais pessoas participam, tanto inscrevendo filmes, quanto das exibições e oficinas que oferecemos. A gente quer que essa janela de visibilidade sirva também para pensarmos juntos sobre outras questões, como a própria política cultural das cidades e do país”, conta Mariana.

Antes realizada na sala PF Gastal, este ano, a Ela na Tela teve sua programação dividida entre o Espaço Aldeia, no Farroupilha, e o Capitólio, no Centro Histórico. Para a organização do festival, ter acesso a locais de importância cultural e histórica como o Capitólio é mais uma vantagem desse tipo de evento. “Parece que isso devolve um pouco da vida da cidade e transforma o centro em um local vibrante”, diz Mariana.

Para Juliana, da Mouc, a parte mais legal dessas iniciativas é aguçar a curiosidade. “Eu mesma ouvi falar do Fantaspoa e, mesmo não sendo uma conhecedora [do cinema de fantasia e ficção científica], me interessei e fui. Foi tão interessante que acabei até fazendo uma oficina de maquiagem. Tem público para tudo em Porto Alegre”, diz.

Quer saber mais sobre novas maneiras de aproveitar o cenário cultural de Porto Alegre? Acesse hellomoto.com.br. E quando for ao cinema de novo ou participar de uma mostra como as que falamos aqui, registre esse momento e compartilhe com a gente com as hashtags #hellocidades e #hellopoa.

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