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Lee Siegel lança livro ‘Você Está Falando Sério?’

Por Da Redação
10 jul 2012, 11h20

Por AE

São Paulo – Três perguntas abrem e fecham “Você Está Falando Sério?” (Panda Books, R$ 37,50), quarto livro publicado pelo crítico cultural Lee Siegel, o primeiro traduzido no Brasil. “Você fala sério?” é a primeira. “Você tem certeza?”, a segunda. “Como você sabe?”, a terceira. Não é fácil respondê-las. Se fosse, Siegel não teria levado 207 páginas tentando nos ajudar a respondê-las, e por certo não as teria repetido no final de seu ensaio circular e interativo sobre uma questão decisivamente séria.

Qual? Seu subtítulo nos dá uma luz. De forma mais enxuta na edição original: How to be true and get real in the age of silly (Como ser autêntico e manter os pés no chão na era da tolice). O subtítulo da tradução brasileira é rebarbativo (“Por que é importante ser relevante na era da tolice generalizada, da superficialidade do mundo virtual e do excesso de lixo cultural”) e inexato: autenticidade e relevância não são sinônimos. Metade dele, aliás, se ajustaria à perfeição a outra obra do autor, “Against the Machine” (Contra a Máquina), com a qual, a meu ver, Siegel merecia ter sido introduzido nestas paragens.

Siegel tem ideias fixas (o politicamente correto, o culto à frivolidade na internet e a grossura de boa parte de seus usuários, as deficiências morais das elites liberais, por exemplo), típicas de um intelectual sério, no melhor sentido da palavra: rigoroso, franco, intransigente, bem-humorado. Sem a presença influente do humor, diz ele a certa altura, a seriedade é apenas a performance da seriedade, mera pose. Nada mais próximo da tolice do que a seriedade institucionalizada, o sério engomado e supercilioso.

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Embora em seguida remonte até Sócrates e cruze por Mark Twain, Allen Ginsberg, Susan Sontag, John Updike, George Steiner, Oprah Winfrey e outros sérios genuínos ou só de fachada, Siegel abre seu ensaio com um protótipo da seriedade inconsútil do século 19, o poeta e crítico social britânico Matthew Arnold, e a gozação que lhe deu, num cartum de 1904, o humorista Max Beerbohm. A sisudez empedernida e permanente de Arnold muito incomodava Beerbohm, cuja preferência pelo riso, diga-se, não o fazia intelectualmente menor e socialmente menos relevante que o poeta.

Por definição o oposto do sério, o riso é o contrassério, a seriedade negativa. Enquanto a seriedade afirma o verdadeiro, o sincero e o autêntico, o riso denuncia o falso, o insincero e o não autêntico. Os dois se complementam, “como o dia e a noite, o outono e a primavera, como o homem e a mulher para a procriação”, acrescenta Siegel.

Para não se transformar naquilo que tanto repudia, Siegel evita o sermão. Sua crítica à tolice generalizada nada tem de arrogante; ele próprio admite ser “bobo também”, de vez em quando. Seu livro, com achegas autobiográficas, é um assumido guia “para o passado e para o presente”, assim como “um manual de sobrevivência para os famintos por seriedade”, e também um exame de como a seriedade e a contrasseriedade atuam em nossas vidas cotidianas. Receio que as livrarias, induzidas pela capa, pelo título e, principalmente, pelo subtítulo, o disponham na prateleira de autoajuda. Seu lugar, contudo, é uma seção que ainda não existe: a de alta ajuda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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VOCÊ ESTÁ FALANDO SÉRIO?

Autor: Lee Siegel

Editora: Panda Books (207 págs., R$ 37)

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