Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Leão Lobo sobre estupro coletivo aos 16 anos: ‘Me senti culpado’

Jornalista foi atacado por cinco rapazes em uma casa de praia, quando viajava com os amigos

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 15 nov 2016, 10h00 - Publicado em 15 nov 2016, 09h54

Leão Lobo falou sobre uma história traumática de seu passado no último domingo, durante participação no Programa Eliana, do SBT, mesma emissora onde ele apresenta o Fofocando, ao lado de Mamma Bruschetta. A Eliana, ele falou brevemente sobre o fato de ter sido vítima de um estupro coletivo quando tinha 16 anos, no começo da década de 1970.

Procurado pelo site de VEJA, o jornalista relembrou o caso e afirmou que chegou a se sentir responsável pelo que tinha acontecido, por isso não procurou a polícia. “Me senti culpado, estava no início da minha vida sexual, era muito novinho. Achei que tinha culpa por ter flertado e aceitado ir com o cara que me levou para a casa onde fui estuprado”, conta. “Eu vivia perigosamente só por ser gay. Quando eu fazia sexo, era escondido, um risco de ser descoberto. Hoje se fala muito na questão do estupro, mas na época eu era um moleque, não tinha noção. Achava até que era meio normal.”

Na ocasião, ele tinha ido viajar para Mongaguá, na Baixada Santista, com um grupo de amigos. Junto com eles, estava uma tia de Leão, para supervisionar os jovens. Um dia, ele foi caminhar pela praia sozinho e avistou um rapaz – eles começaram a se olhar, até que o outro o convidou para ir com ele para uma casa. “Eu fui, achando que ia ficar só com ele. Mas quando cheguei, tinha mais quatro. Me trancaram lá dentro, pregaram a porta”, diz.

Ele afirma que foi pendurado pelos pés ao teto, ficando de cabeça para baixo. Em seguida, foi estuprado e torturado. “Da posição em que eu estava, via uma geladeira cheia de garrafas de uísque. Fizeram de tudo comigo, usaram as garrafas em mim. Eu achava que ia morrer.” Leão conta que depois de cerca de uma hora, em que havia sido abusado por todos os rapazes que estavam ali, ele conseguiu escapar da casa. “Eles estavam muito bêbados, gritavam e riam o tempo todo, me falavam coisas horríveis. Até que eles se distraíram. Aí eu corri.”

Continua após a publicidade

Ele diz que mal estava vestido quando saiu da casa e, no meio da confusão entre suas roupas e a vegetação da praia, acabou tropeçando e caindo. “O rapaz que tinha me levado lá pegou um revólver e saiu atrás de mim. Ele colocou a arma na minha cabeça e disse: ‘Você achou que ia escapar?’”, afirma. Alguns metros adiante, porém, vinha um casal mais velho, que viu o que estava acontecendo e começou a discutir com seu agressor. “A senhora começou a gritar, dizendo que ia contar para o coronel que eles estavam usando a casa dele para essas coisas.”

Nesse momento, após ouvir isso da mulher, Leão afirma que deduziu que eles deviam ser do Exército. “Eles tinham cabelo raspado, eram musculosos, deviam ter uns vinte e poucos anos. Não tenho a confirmação de que eram militares, mas deduzi pelo que ouvi”, diz. Enquanto a discussão acontecia, ele aproveitou para fugir. Chegou na casa do amigo em que estava hospedado apavorado e sem falar com ninguém. “Estava sentindo muita dor, tinham me machucado muito, mas mesmo assim eu não falei com ninguém sobre isso.”

Leão conta que sentiu muita raiva pelo que tinha acontecido, mas que, depois de um tempo, só queria esquecer – o que de fato ocorreu. “Essa história simplesmente sumiu da minha memória. Fui lembrar muitos anos depois, quando já estava fazendo terapia. Mas mesmo ao lembrar, eu nunca quis falar sobre o assunto. Só que ao ouvir tantos casos, de pessoas que como eu também se sentiam culpadas por terem sido estupradas, me perguntei: para que esconder? Cada vez que eu falo, me emociono e me machuca, mas também me sinto mais tranquilo.”

O jornalista afirma que agora acha importante falar sobre o assunto, já que sua história pode ajudar outras vítimas, mas se arrepende de não ter levado o caso à polícia. “Sinto muita raiva e muito nojo disso tudo. E tenho também um sentimento de impotência por não ter tentado descobrir os nomes dos agressores. Fico com raiva de mim mesmo por não ter enfrentado isso. Hoje eles podem ter se dado bem na vida, se tornado pais de famílias, depois de terem feito isso comigo, e talvez até com outras pessoas.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.