Lars von Trier diz que voltou a beber — e a trabalhar

Considerado persona non grata no Festival de Cannes em 2011 por fazer piada com o nazismo, o diretor dinamarquês Lars von Trier se afastou da imprensa. E, coincidência ou não, pouco depois passou a frequentar um grupo dos Alcóolicos Anônimos (AA) para se livrar do vício em álcool. Agora, o diretor de filmes como Dogville, Melancolia e Ninfomaníaca se reaproxima dos dois: da imprensa e da bebida, como contou em entrevista ao jornal britânico The Guardian.

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“Eu frequentei o AA por um ano e meio. Nós dávamos apoio uns aos outros para permanecer sóbrios, o grupo é como uma família. E eu usei de toda a minha força para ficar limpo, mas agora voltei a beber um pouco, porque assim posso trabalhar. Rodar um filme é muito pesado, e o álcool diminiu a ansiedade”, disse, na entrevista. No momento, Lars von Trier trabalha na série The House That Jack Built, sobre um serial killer. A produção é prevista para a TV dinamarquesa em 2016.

O dinamarquês também contou acreditar que a bebida deixa o artista mais “sensível”. “Eu tenho esta teoria: os cientistas dizem que 80% do trabalho feito pela nossa mente é o de controlar os sentidos. Isso quer dizer que temos filtros para bloquear algumas informações. Se você é sensível, esses filtros são um tanto falhos e a sensibilidade causa ansiedade, que nem sempre é possível administrar.”

Entre as dificuldades enfrentadas em um set, ele citou o complicado relacioamento que teve com a cantora Björk, estrela do musical Dannçando no Escuro (2000). “Eu cheguei a chorar e pensar em desistir. Ela era tão louca que queria sempre fugir. Então, eu tinha de buscá-la e convencê-la a voltar. Mas ela foi uma das melhores atrizes com quem já trabalhei.”

Outras armas usadas por Lars von Trier para diminuir a ansiedade enquanto roda um filme são remédios controlados, receitados por um psiquiatra, e meditação.