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Justiça libera lançamento de biografia de Guimarães Rosa

Por Da Redação
15 out 2014, 11h07

Retirada das livrarias em 2008, quando a Justiça acatou um pedido de Vilma Guimarães Rosa, filha e herdeira do escritor, Sinfonia Minas Gerais – A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa, a biografia de um dos maiores nomes da literatura brasileira escrita por Alaor Barbosa, acaba de ser, enfim, liberada judicialmente. O acórdão de 38 páginas que avalizou a circulação do livro, assinado pela desembargadora Elisabete Filizzola. desconstrói ponto a ponto as acusações da herdeira, para quem a obra possuía trechos plagiados do seu próprio livro, Relembramentos: João Guimarães, Meu Pai, e o autor teria investido em uma imagem de Guimarães Rosa (1908-1967) antipatriótico.

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Relata a desembargadora: “Veem imputação de �antipatriotismo� ao renomado escritor, por dizer o biógrafo: �’Nunca me deparei, nos textos de Guimarães Rosa, com alguma preocupação com o presente e o futuro do Brasil�’. Ocorre que as próprias recorrentes assinalam que �João Guimarães Rosa sempre optou pela discrição, tendo preferido evitar entrevistas sobre sua vida privada e posições políticas�, o que, como se nota, confirma, com cirúrgica precisão, exatamente o que asseverara a biografia em tela. Até porque, obviamente, não se confunde com �antipatriotismo� a conduta apenas reservada com relação a ideologias, bandeiras políticas etc.”

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A relatora prossegue, defendendo não só a liberdade de expressão como a opinião do biógrafo. “Não colhe a assertiva de que �as conjecturas do biógrafo seriam opinativas, inconsistentes, desprovidas de fundamento, e, acima de tudo, ofensivas, causando evidente dano moral ao escritor e à sua família� (como diz a acusação). Aliás, �opinativas� elas até podem ser, e mal algum há nisso, mormente por estar claríssimo nas passagens citadas de quem são as opiniões.

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Daniel Campello Queiroz, advogado de Alaor Barbosa, diz que a decisão pode levar a movimento de novas decisões judiciais favoráveis a biografias não autorizadas. “Isso tudo oferece caminhos interessantes por onde os tribunais devem caminhar.”

Esta não foi a primeira vitória de Barbosa contra Vilma. Depois de declarações da herdeira consideradas caluniosas contra a sua conduta, o biógrafo entrou na Justiça por danos morais contra a herdeira. A sentença favorável ao escritor determinou que Vilma pague, segundo Barbosa, 30 000 reais. “Ela poderia recorrer, mas perdeu o prazo da apelação. E eu pedi que a indenização seja aumentada para 120 000 reais”, diz o escritor.

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“Este é um livro que ela chama de biografia, mas que traz documentos, cartas, discursos de Guimarães”, afirma Barbosa. Ele diz que usou o conteúdo de tais trechos em seu livro, mas em quantidade menor do que a apontada por Vilma. “Além do mais, são trechos que não são da autoria dela.” O escritório de advogados que defende Vilma, Dain Gandelman e Lace Brandão Advogados Associados, foi procurado pela reportagem, mas não retornou aos pedidos de entrevista.

Apesar da conquista, Alaor Barbosa diz que neste momento não pensa em recolocar a biografia de Guimarães Rosa nas livrarias. “Eu teria que retirar partes do livro por questões pessoais, por minha decisão. São as citações que faço ao livro dela (de Vilma) — que na verdade são de terceiros — mas que eu retiraria por um motivo moral. Não sei se quero mais mexer com isso”, diz o autor de 74 anos, que passou cinco pesquisando sobre a vida do escritor. “Toda essa minha luta foi pelo princípio da liberdade da criação intelectual, que é um princípio universal. Eu já consegui minha vitória.”

(Com Estadão Conteúdo)

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