IMPERDÍVEL – Knausgaard volta à juventude no quarto livro de ‘Minha Luta’
'Uma Temporada no Escuro' sai agora por ocasião da Flip, evento do qual o norueguês é uma das principais atrações
(Tradução de Guilherme da Silva Braga, Companhia das Letras, 496 páginas, 59,90 reais) Depois da morte do pai alcoólatra, da passagem do primeiro para o segundo casamento e da infância, a batalha para iniciar carreira como escritor e para perder a virgindade é o cerne do quarto volume de Minha Luta, a série autobiográfica — ou de autoficção — que tornou o norueguês Karl Ove Knausgaard uma estrela da literatura internacional. Uma Temporada no Escuro, romance que sai agora por ocasião da Flip, festa da qual Knausgaard é uma das principais atrações, se passa quando o escritor tinha 18 anos e se mudou para o norte da Noruega para dar aulas para adolescentes, fazer algum dinheiro e poder se dedicar aos seus textos. Mas, como acontece nas terras próximas ao Círculo Polar Ártico, o inverno trouxe a escuridão total — em países mais ao norte, não há noite no verão e não há dia no inverno — e uma sucessão de crises pessoais, temperadas pelo álcool, que alivia o frio, mas também faz Knausgaard lembrar o drama do pai. “Eu vinha bebendo desde as dez horas da manhã, já eram seis da tarde, e por pouco não caí de cara na janela ao puxar a cadeira para me sentar. Eu praticamente não percebia mais a presença das outras pessoas, não ouvia mais o que diziam, eram apenas rostos vagos, e as vozes não passavam de um sussurro, como se eu estivesse rodeado por árvores e arbustos levemente antropomórficos em uma floresta num lugar qualquer, e não sentado em um restaurante em Kristiansand no casamento do meu pai.”