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IMPERDÍVEL: Diretor de ‘A Queda’ revê homem que quis matar Hitler

Georg Elser foi chamado de paranoico, mas viu com clareza o caminho para onde Hitler empurrava a Alemanha -- e o mundo -- e tentou detê-lo sozinho

Por Maria Carolina Maia Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 10 nov 2016, 15h39 - Publicado em 5 nov 2016, 07h48

(Elser, Alemanha, 2015) Quem não suporta mais ver filmes sobre a Segunda Guerra Mundial, campos de concentração e extermínio, fuga e perseguição — pela repetição de temas e apesar da importância evidente de se manter viva a memória de uma das maiores atrocidades da história, ocorrida a menos de um século — tem nos filmes do alemão Oliver Hirschbiegel um respiro. Em A Queda! As Últimas Horas de Hitler, de 2004, filme famoso pelos incontáveis memes feitos com a cena em que Hitler se reúne com generais em uma apertada salinha de seu bunker, de onde acompanha a derrocada alemã no conflito que iniciou para dominar o mundo, Hirschbiegel reconstitui o que seriam os últimos momentos do homem responsável pela morte de ao menos 55 milhões de pessoas, as vítimas estimadas da guerra que ele começou. À beira do fim, Hitler aparece frágil e por vezes humano em uma atuação estupenda do fabuloso Bruno Ganz. Em 13 Minutos, agora em cartaz no país, Hirschbiegel vai novamente falar do conflito armado de um ângulo pouco explorado e conhecido. Ele conta a história de Georg Elser, um homem de classe média baixa que ganhava a vida trabalhando ora como carpinteiro, ora como músico, ora numa siderurgia, que não tinha filiação a nenhum partido nem qualquer atuação política, mas que percebeu, anos antes de a guerra estourar, o rumo perigoso para onde Hitler empurrava a Alemanha, com o apoio maciço da população. Por anos, ao ver amigos serem presos e enviados a áreas de trabalho forçado, ao ser discriminado e excluído por não aderir ao grupamento nazista, ao receber a notícia das frequentes mortes impostas nos campos, ao sentir crescer o controle e a truculência dos oficiais do nazismo, ao ver uma vizinha ser humilhada em praça pública por namorar um judeu, em uma cena que, pelos prédios em redor e pela violência coletiva, remete à Idade Média, Elser amadureceu a convicção de que era preciso deter Hitler. “O país não melhorou. O trabalhador hoje ganha menos por hora. Se Hitler não for parado, ele vai anexar a Polônia, vai haver um enorme derramamento de sangue”, diz, em certa cena, aos oficiais da Gestapo que o interrogam — e o torturam — para saber como e com quem teria agido para detonar uma bomba na cervejaria que lançou pelos ares em Munique em novembro de 1939, apenas 13 minutos depois de Hitler deixar o local. O führer escapou, mas oito pessoas morreriam. “Paranoico”, rebate o oficial Arthur Nebe (Burghart Klaußner, muito bom como o soldado que tem dúvidas de seu general). A história provou que Elser estava certo. E é difícil não torcer, apesar de tudo, para que ele tivesse acertado também no seu atentado. O roteiro de 13 Minutos é convencional. O filme começa do ponto crucial, a explosão da bomba, e a partir daí o texto se bifurca para contar, de um lado, a trajetória de George Elser desde que Hitler ascendeu ao poder, no início da década de 1930, e, de outro, o que lhe aconteceu desde que foi detido tentando fugir para a Suíça, depois do ataque em Munique. Mas a atuação de Klaußner e do ótimo Christian Friedel como Elser, e a felicidade de Oliver Hirschbiegel na escolha de mais um recorte interessante do período, compensam — e muito — a sessão.

 

 

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