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‘Hoje’, de Tata Amaral, é atração em festival de SP

Por Da Redação
17 jul 2012, 10h40

Por AE

São Paulo – Diz o desgastado clichê que o Brasil é o país do futuro. Dono de um futuro promissor, não tem tempo para perder com o passado. Será? “Hoje”, por sua vez, é um filme que, apesar do nome, vai buscar exatamente no passado a substância para entender o presente e escrever o futuro.

Vencedor do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro em 2011 é o quarto longa de Tata Amaral (de “Antônia” e “Um Céu de Estrelas”), e conta a história de uma mulher que quer reconstruir sua vida após duas décadas de clandestinidade civil. Vera (Denise Fraga) perdeu o marido (o ator uruguaio César Troncoso, de “O Banheiro do Papa”) para a ditadura, mas, como ele está oficialmente desaparecido desde 1974, nem mesmo como viúva pode se reconhecer. Em 1995, quando finalmente ele é dado como morto, ela recebe uma indenização, com a qual compra um apartamento. Vera, que passou estes anos à espera de um sinal, finalmente decide deixar de viver em suspensão e recomeçar a vida. É aí que começa seu novo hoje. E é aí que Luiz, o marido, reaparece. E ela vai ter de lidar com um passado de culpas, frustrações e dor.

Em um Brasil que exuma principalmente os crimes cometidos durante a ditadura militar ao estabelecer a Comissão da Verdade (a junta para apurar violações de direitos humanos durante entre 1946 e 1988 no Brasil), “Hoje” é mais ‘hoje’ do que nunca. “Foi uma feliz coincidência. A ideia do filme surgiu em 2003, quando li o Prova Contrária, do Fernando Bonassi. Não se falava ainda na Comissão, vários filmes que também tratam do tema da ditadura não haviam ainda sido feitos. Mas é interessante observar como este assunto ainda habita nosso inconsciente coletivo”, comenta a diretora, para quem a questão da perda foi de fato o grande motivador. “Embora o tema do filme não tenha diretamente a ver comigo, pois não perdi ninguém assim na ditadura, o sentimento de perda que a Vera vive é algo que conheço bem. E me reconheço. Quando li o trecho em que ela fala do suicídio, entendi perfeitamente o sentimento de responsabilidade, de perda, da ausência, de impotência que ela estava sentindo.”

Não foi por acaso que Tata escolheu o livro e não é por acaso que é no microcosmo do apartamento que se passe todo conflito. Já em seu primeiro filme, “Um Céu de Estrelas” (1996), ela trazia um universo diminuto, uma casa na Mooca, como cenário da relação violenta e visceral de um casal. Em “Hoje”, é talvez no conflito interno da personagem que se refletem as maiores marcas que a violência da ditadura deixou em quem a viveu. “Há muitos filmes chilenos, argentinos sobre o assunto. Mas a gente não fala muito do tema porque joga embaixo do tapete. Não queremos encarar a verdade.”

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O principal diferencial de “Hoje” com relação a outros longas que já trataram do tema é o fato de não haver flashbacks. O marido, por exemplo, envelheceu junto com Vera. “Tudo se passa no aqui e agora. Afinal, o que importa de verdade nesta história? As marcas que o período deixou na vida destas pessoas. E, consequentemente na nossa história”, diz a diretora, que relembra trecho da minissérie “Trago Comigo” (que dirigiu para a TV Cultura em 2009): “O programa resgata as memórias da ditadura. Há uma personagem que diz: ‘A sociedade que não trata e não enfrenta a tortura é uma sociedade que aceita a tortura’. E é isso que a gente vê até hoje, não?” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

HOJE

Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664). Tel. (011) 3823-4600. Terça, 21h.

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