Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Gisele rebate ministra da Agricultura: ‘mau brasileiro é quem desmata’

A modelo se declarou 'surpresa' após críticas de Tereza Cristina, que a acusou de prejudicar a imagem do país e falar sem conhecimento de causa

Por Da Redação Atualizado em 17 jan 2019, 11h24 - Publicado em 17 jan 2019, 10h24

A modelo brasileira Gisele Bündchen rebateu, em uma carta, as críticas que recebeu da nova ministra da Agricultura, Tereza Cristina, a respeito de seu ativismo ambiental e denúncias contra o desflorestamento no país. Após a ministra afirmar que “maus brasileiros” comprometem a imagem nacional ao falarem “sem conhecimento de causa”, Bündchen se declarou “surpresa” e disse que “maus brasileiros” são os que desmatam.

A modelo postou uma prévia de sua resposta nas redes sociais, nesta quarta-feira 16, e se posicionou em uma carta publicada na íntegra pela reportagem do jornal O Estado de S. Paulo.

“Causou-me surpresa ver meu nome mencionado de forma negativa por defender e me manifestar a favor do meio ambiente”, reagiu Bündchen, em sua conta no Twitter, onde tem 4,8 milhões de seguidores.

“Desde 2006 venho apoiando projetos e me envolvendo em causas socioambientais, o que sempre fiz com muita responsabilidade”, acrescentou a modelo, antes de explicar que seus anos de ativismo lhe permitiram adquirir conhecimentos sobre o tema, graças às “leituras e contatos com cientistas, pesquisadores, agricultores, organizações corporativas e ambientais”.

Continua após a publicidade

A resposta de Gisele, que chegou a ser a modelo mais bem paga do mundo e que vive há anos nos Estados Unidos, chega depois de a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, acusá-la em uma entrevista de criticar as políticas nacionais na área sem ter suficiente informação.

“Desculpe, Gisele Bündchen, você deveria ser nossa embaixadora e dizer que seu país preserva [o meio ambiente], que o seu pais está na vanguarda do mundo da preservação e não vir aqui meter o pau no Brasil sem conhecimento de causa”, afirmou em entrevista à rádio Jovem Pan a titular de uma das pastas mais polêmicas do governo de Jair Bolsonaro.

Em seu texto, Bündchen não critica diretamente Cristina, representante do setor do agronegócio, e deixa a porta aberta a uma colaboração com seu país sempre que for para divulgar ações para o meio ambiente.

Continua após a publicidade

Aposentada das passarelas desde 2015, Bündchen, de 38 anos, mora em Nova York com os filhos e o marido, o astro do futebol americano Tom Brady.

Conhecida pela militância ambiental, em 2016 foi nomeada embaixadora da boa vontade da ONU para a proteção da vida salvagem. Em 2017 contribuiu, com seu ativismo, para reverter uma série de medidas adotadas pelo governo de Michel Temer, predecessor de Jair Bolsonaro, que autorizavam a exploração de minério em regiões da Amazônia. Recentemente, criticou um projeto de lei que busca flexibilizar o registro dos agrotóxicos no Brasil.

 

Leia a íntegra da carta de Gisele Bündchen:

“Excelentíssima Senhora Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina

Continua após a publicidade

Escrevo respeitosamente à senhora para me manifestar em relação a alguns comentários que foram feitos e que dizem respeito à minha pessoa em sua entrevista no dia 14 de janeiro ao veículo Jovem Pan. Causaram-me surpresa as referências negativas ao meu nome, pois tenho orgulho de ser brasileira e sempre representei meu país da melhor forma que pude.

Primeiramente, gostaria de dividir com a senhora um pouquinho da minha trajetória. Sou uma apaixonada pela natureza e tenho uma conexão muito forte com a terra. Nasci no interior do Brasil, onde a agricultura sempre foi fundamental para a economia e desenvolvimento de todos os municípios do entorno. Meus avós também praticavam agricultura familiar.

Valorizo e prezo muito o papel tão importante que a agricultura e os agricultores têm para o nosso país e nosso povo, mas ao mesmo tempo acredito que a produção agropecuária e a conservação ambiental precisam andar juntas, para que nosso desenvolvimento possa ser sustentável e longevo.

Desde 2006 venho apoiando projetos e me envolvendo com causas socioambientais no Brasil (através da doação de parte da renda da venda de produtos licenciados com meu nome a diversos projetos relacionados à água e florestas até o apoio e realização de projeto de reflorestamento de mata ciliar na minha cidade natal). Já visitei a Amazônia algumas vezes e conheci de perto a realidade da região norte de nosso país. Em decorrência do meu trabalho relacionado ao meio ambiente fui convidada para ser Embaixadora da Boa Vontade da ONU para o Meio Ambiente e também pelo presidente da França para participar do lançamento do Pacto Global para o Meio Ambiente na Assembleia Geral da ONU nos Estados Unidos, além de ter participado de inúmeros encontros com presidentes de empresas, universidades, cientistas, pesquisadores, agricultores e organizações do meio ambiente, onde pude trocar informações e aprender cada vez mais sobre como cuidar do nosso planeta.

Continua após a publicidade

Tendo ciência, através de diferentes fontes de informação, do alto grau de comprometimento e irreversibilidade que algumas ações governamentais poderiam trazer ao meio ambiente, como cidadã brasileira preocupada com os rumos da minha nação resolvi, em algumas oportunidades que entendi críticas e merecedoras de atenção, me manifestar.

A Senhora mencionou a grande quantidade de áreas protegidas no Brasil. Lamento, no entanto, ver notícias, como a do final do ano de 2018, com dados do Governo Federal divulgados amplamente na imprensa, que o desmatamento na Amazônia havia crescido mais de 13%, o que representava a pior marca em 10 anos. Um patrimônio inestimável ameaçado pelo desmatamento ilegal e a grilagem de terras públicas. Estes sim são os “maus brasileiros”.

Precisamos usar a tecnologia e todo conhecimento científico a favor da agricultura e da produtividade para que evitemos que novos desmatamentos possam ultrapassar o ponto de não retorno em que a degradação em curso do clima ameno se tornará irreversível.

Vejo a preservação da natureza não somente como um dever ambiental legal, mas também como uma forma de assegurar água, biodiversidade e condições climáticas essenciais para a produção agrícola.

Continua após a publicidade

Cara Ministra Teresa Cristina, seu papel como ministra da Agricultura – em um país onde clima, agricultura e floresta têm papel chave para nossa economia – é fundamental. Sei do desafio que tem pela frente e torço para que em seu mandato possam ser celebradas ações concretas que resultem em um Brasil mais sustentável, justo e próspero.

Ficarei muito feliz em poder divulgar ações positivas que forem tomadas neste sentido.”

(Com AFP)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.