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Flip mantém desafio de balancear fama e intimismo

Por Da Redação
10 jul 2012, 10h45

Por AE

São Paulo – Aumento de público e problemas na Tenda do Telão; perfeita homenagem a Drummond e decepção com Jonathan Franzen – a Flip, Festa Literária Internacional de Paraty, encerrou sua 10ª edição na noite de domingo com os habituais altos e baixos, mas deixou a impressão de que os acertos foram mais decisivos que os erros. Afinal, poucas vezes um autor foi tão bem homenageado como o poeta de “A Rosa do Povo”, com mesas brilhantes analisando sua obra, exposição fotográfica e leitura dos principais poemas antes de cada encontro.

O grande desafio da Flip sempre foi o de apresentar escritores – artistas habituados, por força do ofício, à solidão e ao recato – para uma grande plateia, transformando o evento em algo mediático e popular. Alcançar o equilíbrio da contradição é a meta e, na maioria das vezes, somente após o término do encontro é que se sabe se o alvo foi atingido.

O “problema” foi bem apresentado pelo escritor sergipano Francisco Dantas que, na manhã de domingo, antes de revelar sua predileção por Faulkner e Onetti, lembrou que o escritor não é um ator, pois vive isolado dos vivos mas cercado pelos imaginários. Portanto, não se deve cobrar uma performance inesquecível. Mas, feliz incoerência, Dantas terminou como um dos destaques da Flip.

Também a homenagem a Carlos Drummond de Andrade por conta dos 110 anos de seu nascimento – da conferência de abertura com Silviano Santiago e Antonio Cícero, passando pela modernidade avaliada por Antonio Secchin e Alcides Villaça, até a atualidade do poeta mostrada por Armando Freitas Filho (em vídeo), Eucanaã Ferraz e Carlito Azevedo (que leu, emocionado, um poema seu inédito), a celebração foi impactante e abrangente, unindo o culto com o palatável como, de resto, se caracteriza a obra de Drummond.

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Outros encontros acertaram ao apresentar profundidade e bom humor. Como o que reuniu o americano de origem russa Gary Shteyngart e inglês de origem paquistanesa Hanif Kureishi ou, mais cedo no mesmo domingo, o hilariante bate-papo entre a escocesa Jackie Kay e o gaúcho Fabrício Carpinejar, que se tornou o muso desta Flip ao enaltecer, por meio de seus versos, a beleza escondida atrás da feiura – por conta disso, provocou uma invasão na Livraria da Vila da Flip, mulheres em busca de seus livros para serem autografados.

No sentido inverso, reforçando a observação de Francisco Dantas, o espanhol Enrique Vila-Matas ofereceu uma brilhante dissertação sobre literatura na noite de sábado, substituindo, à última hora, a ausência de J. M. G. Le Clézio. Sempre sentado, em tom monocórdio, ele leu suas 13 observações sobre o fazer literário, um conciso mas bem estruturado apanhado a respeito da escrita, o que deliciou apenas um terço da plateia pois o restante deixou paulatinamente a Tenda dos Autores. Curiosamente, o próprio Vila-Matas previu o que aconteceria pois, antes de iniciar a leitura, sabia que ela estava fadada ao fracasso.

Idêntica decepção provocou a mesa que reuniu o poeta sírio Adonis e o escritor Amin Maalouf, na sexta-feira, quando assuntos políticos dominaram a conversa, relegando a segundo plano justamente a poesia, em especial a já clássica criada por Adonis. Já o americano Jonathan Franzen, para esconder seu nervosismo diante de um grande público, que o alçou à condição de estrela da Flip, pareceu optar por uma performance, marcada por pausas e tiradas que, na maioria das vezes, não provocaram o efeito esperado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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