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‘Fina Estampa’: estreia mostra estereótipos do estilo carioca de ser

Primeiro capítulo da trama fez contrapontos simétricos e óbvios entre personagens ricos e pobres, trabalhadores e ociosos

Por Mariana Zylberkan
23 ago 2011, 00h16

As belezas naturais do Rio de Janeiro detêm o recorde de escalações em novelas da Rede Globo. A maioria das tramas eleva o status da cidade de simples cenário para transformá-la quase numa coadjuvante de primeira linha. E no primeiro capítulo de Fina Estampa não foi diferente. Uma sequência aérea sobre o mar da Barra da Tijuca abriu a trama de Aguinaldo Silva. Se essa autorreferência não fosse suficiente, o primeiro personagem a aparecer na produção carioca foi Álvaro, personagem de Wolf Maya que, por acaso, também é diretor da novela.

Em mais uma ode à cidade maravilhosa, corpos sarados na praia e close nos músculos bombados de Carlos Casagrande dominaram as cenas, o que deu um ar de novela das sete ao horário nobre, numa referência direta aos descamisados de Carlos Lombardi. No mesmo clima descontraído, Álvaro apareceu sorridente em seu quiosque, no melhor estilo “meu escritório é na praia”. A alusão ao ócio nada criativo do carioca estereotipado ficou ainda mais evidente com a escolha de Vamos Dançar, de Ed Motta, para a trilha sonora. Os famosos versos “Eu não nasci para o trabalho/Eu não nasci para sofrer” embalaram ainda a cena em que aparece a galera do futevôlei, capitaneada pelo personagem de Eri Johnson.

Num contraponto nada sutil, foi apresentada Griselda, o personagem de Lilia Cabral, uma mulher que trabalha como marido de aluguel para sustentar a casa onde moram os três filhos mais o neto pequeno. Só no primeiro capítulo, Pereirão, apelido de Griselda, consertou um cano, deu uma de eletricista, trocou um pneu e ainda fez embaixadinhas com a bola de futebol. A sorte é que ainda restam estereótipos de sobra em torno da figura masculina para serem usados nas próximas cenas.

Os primeiros conflitos da personagem foram apresentados em meio a uma edição quase simétrica entre o núcleo que trabalha duro e o que curte a vida. Enquanto Griselda é alvo de humilhações do próprio filho José Antenor (Caio Castro), que tem vergonha da mãe que rala, a dondoca Tereza Cristina Velmont (Christiane Torloni) tenta a todo custo agradar a filha aniversariante. Apesar do empenho, a ricaça viu a filha Patricia (Adriana Birolli) preterir sua surpresa para comemorar o aniversário com o namorado no motel.

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A diferença entre rico e pobre, trabalhador e ocioso, esteve presente também no núcleo rico da família Velmont. No caso, o patinho feio é Crô (Marcelo Serrado), mordomo de Tereza Cristina. Numa espécie de versão moderna da Gata Borralheira, o capacho disfarçado de faz-tudo atende a todos os comandos ríspidos de sua patroa, que também poderia ter saído de um conto de fadas, mas no papel de bruxa má. Tereza Cristina é quase uma alegoria, já que, como poucas mulheres, leva nota dez no quesito peruíce. O jeito espalhafatoso da dona de casa fica ainda mais estridente perante a personalidade serena e humilde de seu marido René Velmont (Dalton Vigh), compartilhada pelo modo de pensar da filha Patricia. Em mais um contraste de extremos.

Por enquanto, tudo é preto no branco em Fina Estampa. Resta ver se nos próximos capítulos a trama irá apresentar uma mistura de cores mais interessante.

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