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Fim de mistério: pintor Rafael teria morrido por erro médico, diz estudo

Para estudiosos de Milão, sangria terapêutica erroneamente empregada teria contribuído para morte precoce do mestre italiano, aos 37 anos

Por Tamara Nassif Atualizado em 16 dez 2020, 09h16 - Publicado em 17 jul 2020, 17h22

Muito antes da descoberta dos primeiros antibióticos, a medicina fazia uso de todo tipo de técnica para cuidar dos doentes. A sangria terapêutica, que consiste em retirar uma pequena quantidade de sangue de pacientes para estimular o crescimento de células vermelhas e aliviar sintomas de algumas doenças, é uma delas. Por séculos, o método foi uma das únicas ferramentas para se tratar muitas doenças. Agora, um estudo conduzido pela Universidade de Bicocca, em Milão, sustenta que ele pode ser a explicação para um dos maiores mistérios da história da arte: a precoce morte do pintor renascentista Rafael Sanzio, aos 37 anos, há 500 anos.

Ao que indica a mais recente análise das circunstâncias envolvendo a morte do artista italiano, a sangria foi escolhida para tratar um acesso de febre alta e contínua, mas, ao contrário do que se esperava, o enfraqueceu. De acordo com uma das autoras do estudo, a pesquisadora Michele Augusto Riva, a hipótese é de que ele tinha pneumonia, já que não havia indícios de malária, febre tifóide e sífilis, tampouco de doenças intestinais. “Na medicina da época, era comum retirar sangue de pacientes para o tratamento de diversas doenças, mas não era aconselhável para casos pulmonares. Rafael, no entanto, não explicou a origem da própria doença, nem seus sintomas, o que levou seu médico a erroneamente fazer uso da sangria”, disse a pesquisadora ao jornal britânico The Guardian. “Temos certeza de que a técnica contribuiu para a morte dele.”

Fontes e materiais históricos proveram informações adicionais sobre a fatalidade, indicando que se tratava de uma doença aguda caracterizada por picos contínuos de febre. “Na verdade, ela não causou a morte imediatamente. Durou cerca de uma a duas semanas e não era severa a ponto de o impedir de deixar seus negócios em ordem antes de partir, inclusive até criar um testamento”, diz o estudo. Os rumores de sua ativa vida sexual ainda criaram o mito de que ele sofria de sífilis, e que foi a doença sexualmente transmitida a real causa mortis de Rafael.

O mestre renascentista é hoje homenageado em inúmeros museus italianos por seu 500º aniversário de morte, cujas exposições entraram no olho do furacão da pandemia e quase correram o risco de suspensão definitiva. A principal está em cartaz na galeria Scuderie del Quirinale e logo se tornou símbolo do lento e gradual processo de reabertura cultural da Itália. Retomada em 2 de junho e com seus mais de 900 ingressos inaugurais esgotados, a mostra foi estendida até 30 de agosto com horários de visitação e limite diário de visitantes esticados, mas ainda seguindo protocolos de segurança sanitária para evitar uma segunda onda de contágios do novo coronavírus. É um renascimento limitado, mas ainda assim um renascimento — tudo o que o mundo deseja.

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