Filme traça perfil de James Dean pelas lentes de um fotógrafo
‘Life’ conta a história real da perseguição ao astro por Dennis Stock, que fez carreira graças às fotos que tirou do ator
James Dean nasceu em 1931 em Indiana, Estados Unidos, em uma família quaker. Aos 9 anos, perdeu a mãe, vítima de um câncer, e foi entregue pelo pai aos avós, que o criaram em uma fazenda, da qual sairia apenas aos 18 rumo à UCLA, a Universidade da Califórnia em Los Angeles, onde estudaria artes cênicas e abraçaria o estrelato. Essa é uma maneira de contar a história de um dos maiores ícones do cinema de todos os tempos. E também uma das mais maçantes. Outra, mais interessante, é encontrar um ângulo para fazê-lo – e é o que consegue o diretor Anton Corbin em Life – Um Retrato de James Dean, já em cartaz no país. A partir das lentes de Dennis Stock, fotógrafo que perseguiu Dean – e a fama – em 1955, Corbin traça um bom perfil do astro de Juventude Transviada.
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Dean é interpretado por Dane DeHaan (do filme Cavaleiro de Copas e das séries In Treatment e True Blood), que pouco tem do visual do personagem além das olheiras, mas procura compensar com trejeitos que emulam o espírito rebelde e um tanto enigmático do ator. Dennis Stock, que a partir do ensaio de Dean para a revista Life faria carreira na célebre agência Magnum, é vivido por Robert Pattinson (Crepúsculo e Cosmópolis), bastante adequado na pele do fotógrafo que busca um salto na profissão e um acerto com a vida pessoal – separado, ele mal vê o filho, criado pela ex-mulher. É um espanto, aliás, que Pattinson não tenha sido o escalado para o papel de Dean. Não porque seu espaço seja menor: o fotógrafo é também protagonista do longa, Dean e Stock duelam o tempo todo na tela, ora se cheirando, ora se evitando, ora firmando parceria.
Ainda assim, a escalação parece um erro. O britânico poderia ter resultado em um James Dean mais convincente que o de DeHaan. Ou não. Porque, se falta algo nesse filme, é exatamente ele – Dean. É ótimo acompanhar a corrida de Stock por Dean de Los Angeles a Nova York, e a viagem de trem que fazem de Nova York a Indiana, onde o fotógrafo conhece a família do ator e tem a oportunidade de observar a relação que ele desenvolve com os avós e o primo mais novo. Também é fantástico observar os anos 1950 e testemunhar o momento em que a carreira do astro decola. Depois de rodar seu primeiro filme, Vidas Amargas (1955), de Elia Kazan, Dean ganha o papel principal em Juventude Transviada, que o alçará à categoria de ídolo, apesar dos puxões de orelha que leva, merecidamente, de Jack Warner (Ben Kingsley), por falar bobagens em entrevistas e faltar a eventos promocionais de seu longa de estreia. Mas o brilho de James Dean não está todo ali. Falta algo – algo que nem Dane DeHaan nem o diretor, Dane DeHaan, souberam captar.