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Festival do Rio: negro, pobre, preso por 21 anos – e inocente

'Crown Heights', de Matt Ruskin, exibido no Festival do Rio, conta a história de Colin Warner

Por Mariane Morisawa
Atualizado em 11 out 2017, 13h19 - Publicado em 11 out 2017, 12h48

Colin Warner tinha 18 anos de idade quando foi preso pela polícia, acusado de assassinar um homem no bairro de Crown Heights, no Brooklyn, em Nova York. Negro, imigrante, pobre, ele tinha ficha na polícia, mas não por crimes violentos. Ficou 21 anos na prisão, com pedido de condicional negado. Era inocente.

Matt Ruskin ouviu a história em um podcast chamado This American Life, que contava também a batalha de seu amigo Carl King para libertá-lo. Foi atrás dos jornalistas responsáveis e, depois, entrou em contato com Colin e Carl. “Eles tinham falado com outras pessoas, com alguns estúdios, mas o filme nunca aconteceu. Fui conquistando sua confiança aos poucos”, explica o diretor a VEJA, em Zurique. Colin Warner disse que isso levou algum tempo. “É difícil eu confiar nas pessoas, dado o que aconteceu comigo. Mas eu coloquei minha confiança em Matt, e ele fez um bom trabalho.” Assim nasceu Crown Heights, que está sendo exibido no Festival do Rio.

Para se preparar, Ruskin leu todo o material do julgamento e entrevistou os envolvidos que conseguiu encontrar. Ele disse que a sua motivação veio da história em si. “Esses temas são importantes para mim como cidadão. Mas, como cineasta, não tinha interesse em fazer um filme sobre o sistema judiciário criminal. Foi mesmo a história deles, não apenas o que passaram, mas como se comportaram, sua integridade. Isso me impressionou muito. A esperança é que, se se conectassem como seres humanos com essa história, as pessoas iriam pensar no tema.”

Mas, não por acaso, ele marca a passagem do tempo com o discurso de presidentes diversos, desde Ronald Reagan até Bill Clinton, sempre defendendo o endurecimento da polícia e do combate ao crime. Os atores do filme – Keith Stanfield (da série Atlanta) faz Colin, e Nnamdi Asomugha é Carl King – visitaram a casa do Colin real. Uma das coisas que ele confidenciou aos atores e que está no filme é que, todos os dias, antes de abrir os olhos ao acordar, pensava: “Que não esteja em uma cela”. Até hoje é seu mantra.

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Colin Warner espera que o filme abra os olhos da população. “Queria que soubessem que nem todo mundo que está na prisão é criminoso. É complicado ver cada indivíduo, mas precisamos tentar. Se o filme emocionar uma pessoa, acredito que já valeu a pena fazer.” E que as pessoas se juntem para evitar que algo semelhante aconteça a outros – segundo dados apresentados no final do filme, estima-se que haja milhares de inocentes presos nos Estados Unidos.

“Uma das causas de eu ter ficado 21 anos na prisão é que os cidadãos americanos não se juntam. E nada aconteceu contra aqueles que cometeram um crime contra mim. Ninguém foi punido. Nós como cidadãos precisamos nos unir e exigir o que queremos. Eu falo muito para jovens que eles precisam saber que isso pode acontecer”, disse. Claro que o racismo também teve seu peso. “Uma das razões pelas quais cumpri 21 anos é por causa da cor da minha pele. Então, essa mentalidade precisa mudar também.”

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