Estátua mutilada por brasileiro estava no museu há quase 100 anos
Texto em que a instituição portuguesa descreve efeitos do acidente é quase poético. 'Soltaram-se as asas do Arcanjo', diz trecho
O Museu Nacional de Arte Antiga de Lisboa, em Portugal, incumbiu uma equipe multidisciplinar da operação de restauro da escultura derrubada por um visitante brasileiro no último domingo, por acidente. Ainda não há prazo para que a obra, no museu desde 1922, volte a ser exposta. A estátua de Arcanjo São Miguel é uma enorme peça de madeira de zimbro de 1,95 metro de altura, que foi ao chão quando o brasileiro, que recuava para fotografar outra obra — e não para fazer uma selfie, como divulgou a imprensa local nesta segunda –, deu um esbarrão nela. As informações são de comunicado enviado pelo museu ao site de VEJA.
Os efeitos da queda, aliás, são narrados de forma quase poética no texto preparado pela equipe do museu. “Soltaram-se as asas do Arcanjo e as plumas de remate do capacete militar”, diz um trecho. “Na análise física e macroscópica registam-se fraturas, ruturas, descolamentos e perdas pontuais da camada de acabamento policromo, nomeadamente na asa esquerda, plumas, braço direito, dedo indicador direito, parte traseira e ponta do manto.”
O museu, no entanto, não dá maiores informações sobre os custos envolvidos e sobre se haverá alguma punição para o brasileiro, cujo erro é chamado de “colisão acidental”. O visitante, que tem seu nome preservado pela instituição, vem sendo ridicularizado pelos portugueses nas redes sociais. Uma das piadas em torno dele gira em torno do fato de que, no domingo, a entrada do museu era gratuita. Outra, de que ele estaria fazendo uma selfie.
A estátua de Arcanjo São Miguel foi talhada no período chamado de tardo-barroco, a fase final do Barroco Português, entre 1765 e 1790, e tem, portanto, cerca de 250 anos. A escultura é feita de madeira de zimbro, com olhos de vidro, dourada e policromada. Ela chegou ao museu proveniente do espólio do Recolhimento de São Patrício e do Real Colégio de São Patrício de clérigos irlandeses, que antes funcionou no mesmo lugar.