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“Estamos repatriando os nossos Ronaldinhos”, diz Minczuk sobre os brasileiros recém-contratados pela OSB

Maestro falou ao site de VEJA sobre a campanha contrária às mudanças na OSB, que segundo ele buscam dar ao grupo nível internacional

Por Rodrigo Levino
21 jun 2011, 11h53

“Houve uma campanha que sonegou às pessoas a informação que os músicos contratados na reformulação da OSB ganharão salários equivalentes a de boas orquestras europeias e americanas”

Em uma palestra proferida na noite desta segunda-feira, em São Paulo, por ocasião do lançamento da revista Dicta&Contradicta (Record), o maestro Roberto Minczuk, atual diretor artístico da Orquestra Sinfônica Brasileira (SOB) falou ao site de VEJA sobre o imbróglio recente que o pôs em oposição a parte dos músicos do grupo.

Desde 2005 à frente da OSB, Minzuck anunciou em janeiro deste ano a realização de audições individuais com os músicos da orquestra. O misto de corporativismo e blindagem preventiva alimentou um motim de músicos, que se negaram a participar das audições, incialmente sem caráter demissionário.

“O que eu busco, desde que anunciei os testes, é a excelência. Analisar os músicos individualmente é a melhor forma de detectar deficiências”, ponderou o maestro, para quem a resistência de parte do corpo da orquestra encontrou eco em setores não detalhadamente informados da sociedade a respeito dos meandros do processo de renovação da OSB.

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“Houve uma campanha, principalmente na internet, que sonegou às pessoas a informação de que os músicos contratados na reformulação ganharão salários equivalentes a de boas orquestras europeias e americanas. Se estamos dando melhores condições de trabalho, nada mais justo que peçamos um nível elevado e um comprometimento maior”, explicou o maestro.

Demissões – A repercussão do caso chegou à Europa e aos Estados Unidos, além de mobilizar grandes nomes da música clássica nacional. A Federação Internacional dos Músicos pediu que as audições realizadas pela OSB em Londres, Nova York e no Rio de Janeiro, supervisionadas por Minczuk, fossem boicotadas. O pianista brasileiro Nelson Freire se negou a tocar com a OSB em solidariedade aos amotinados, assim como o maestro Roberto Tibiriçá.

Segundo o maestro, os apoios de peso que o grupo angariou e a sobreposição da agenda negativa se deveu também ao modus operandi hostil do grupo resistente às mudanças. “Trinta e oito músicos da orquestra aceitaram fazer os testes e foram contratados em um regime de trabalho melhor, com total dedicação à orquestra. Todos eles foram ameaçados e hostilizados pela turba dos descontentes”, detalhou o regente, que demitiu, juntamente com a fundação privada que administra a orquestra, os 36 músicos contrários às audições.

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Paralelo – Minczuk, que estudou regência com o alemão Kurt Masur, um dos mais respeitados do gênero, participou da tumultuada reestruturação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a Osesp, capitaneada pelo maestro John Neschling a partir de 1997. Para ele, é possível traçar um paralelo entre um período e outro, na medida em que rupturas foram realizadas, e houve alguns traumas. À época, sindicatos de músicos paulistanos também se manifestaram contra a Osesp.

“É normal que em mudanças bruscas surja um lastro de descontentamento. A diferença entre a Osesp e a OSB se deveu mais à atuação de grupos na internet, em setores da mídia e nas redes sociais (algo inexistente em 1997). Deu-se a impressão que só havia um lado a ser ouvido. É sempre mais fácil pender o apoio para quem se diz vítima”, sentenciou.

A despeito dos protestos e da turbulência que a orquestra enfrentou nos últimos meses e do boicote pedido e não atendido pelos sindicalistas e musicistas, o maestro contou que 21 músicos foram contratados após as audições, nove dos quais brasileiros que atuam em orquestras europeias e americanas. “Estamos repatriando os nossos Ronaldinhos. Agora só queremos seguir em frente e tocar em paz”, encerrou, rindo.

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