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Escolha unânime de ‘Lula, o filho do Brasil’ para disputar indicação ao Oscar surpreende produtores e artistas

Filme que teve fraco desempenho de bilheteria supera campeões nacionais como 'Nosso Lar' e 'É proibido fumar', vencedor do Grande Prêmio Brasil

Por João Marcello Erthal e Rodrigo Levino
23 set 2010, 16h32

Integrante da Comissão de Seleção, crítico Leon Cakoff diz que a unanimidade veio naturalmente: “Não houve discussão sobre as conseqüências políticas da nossa escolha e o filme foi escolhido já na primeira votação”

A unanimidade, mais que o resultado, causa estranheza na escolha de ‘Lula, o filho do Brasil’ como concorrente brasileiro para indicação ao Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira. Acostumada à miríade de opiniões e critérios que costuma emergir sempre que o assunto é cinema, a produtora Iafa Britz, de ‘Nosso Lar’, foi surpreendida pela conformidade de opiniões que marcou a decisão da Comissão de Seleção. “Nunca vi nada unânime na minha vida. Não tenho nenhum exemplo de unanimidade do qual me recorde. Prefiro me calar e respeitar”, diz Iafa.

O grupo que enxergou em ‘Lula’ as qualidades para representar o Brasil entre os concorrentes tinha, além do filme de Fábio Barreto, os longa-metragens ‘A Suprema Felicidade’ (de Arnaldo Jabor, a ser lançado em 29 de outubro), ‘Antes que o Mundo Acabe’, ‘As melhores coisas do mundo’, ‘Bróder’, Carregadores de Sonhos’, ‘É proibido fumar’, ‘Em teu nome’, ‘Hotel Atlântico’, O Bem Amado’, ‘O Grão’, ‘Olhos azuis’, ‘Os Inquilinos’, ‘Os famosos e os duantes da morte’, ‘Ouro Negro’, ‘Quincas Berro D’Água’, ‘Reflexões de um liquidificador’, ‘Sonhos roubados’, ‘Utopia e Barbarie’ e o próprio ‘Nosso lar’.

“Tem anos em que algum filme torna-se uma grande evidência. Este ano ninguém sabia dizer”, destaca Iafa, sobre o equilíbrio entre concorrentes – o que torna a unanimidade ainda mais atípica.

“Eles certamente sabem o que estão fazendo e estão cientes da responsabilidade que carregam”, acredita a produtora, que enxerga no perfil de ‘Lula’ – drama que tem como figura central um personagem conhecido internacionalmente – o talvez único mérito do longa para ter chance entre os concorrentes.

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Diretora de ‘É proibido fumar’, outro dos indicados, Anna Muylaert acredita que a decisão tenha sido norteada pela tradição de premiação, pela academia americana, de dramas históricos. “Se considerada esta característica, ‘o filho do Brasil’ atende a um quesito”, diz. “Mas há outros que são necessários para que um filme tenha chance: qualidade e força de bilheteria, por exemplo. E ‘Lula’ não tem nem qualidade nem teve força com o público”, analisa.

Integrante da Comissão de Seleção do Ministério da Cultura, o crítico de cinema Leon Cakoff, criador e diretor da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, conta que a unanimidade veio naturalmente. “Não houve discussão sobre as conseqüências políticas da nossa escolha e o filme foi escolhido à unanimidade já na primeira votação”, afirma.

Para Cakoff, ‘Os Inquilinos’, de Sergio Bianchi, era o melhor filme, isoladamente. ‘Lula’, no entanto, se adequava ao que a comissão entendeu como perfil com mais chances de, numa eventual indicação, conquistar o Oscar. “Eu acho que o melhor filme é Os Inquilinos. Mas o júri levou em conta o que pode se encaixar melhor no perfil de filme estrangeiro que o Oscar costuma premiar”, explica.

Cakoff descarta que a escolha do filme, no decorrer de um processo eleitoral, possa favorecer o PT e a candidata Dilma Rousseff. “O filme tinha claramente uma pretensão política que não foi cumprida, já que fracassou na bilheteria. Isso, pelo menos para mim, deu liberdade para votar nele sem que houvesse nenhum atrelamento a essa intenção. O voto não é no sentido de redimir o fracasso da obra”, diz o crítico.

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