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Entrevista: Corinne Bailey Rae fala sobre o último disco e seus escritores favoritos

A cantora britânica, que fará show esta semana em São Paulo e é formada em literatura, deu entrevista ao site de Veja

Por Rodrigo Levino
2 nov 2010, 13h36

A cantora foi curar as dores no estúdio – numa gravação que ela disse ter sido divertida – e de lá saiu com The Sea, um disco esplendoroso, maduro, com letras que remetem ao pesadelo recente

Em 2006, a cantora britânica Corinne Bailey Rae estreou com um disco homônimo surpreendente, marcado pela mistura de timbre doce com forte extensão vocal, melodias com influência de soul, R&B, jazz e letras ensolaradas, como as de Put Your Records On e Like Star. A cantora se tornou conhecida no Brasil quando as canções viraram tema de telenovela.

Aos 30 anos, Corinne, que é filha de uma inglesa com um afro-caribenho, foi forçada a deixar de lado as músicas radiantes. Em março de 2008, o saxofonista Jason Rae, com quem Corinne estava casada desde os 22 anos, foi encontrado morto vítima de overdose.

A cantora foi curar as dores no estúdio – numa gravação que ela disse ter sido divertida – e de lá saiu com The Sea, um disco esplendoroso, maduro, com letras que remetem ao pesadelo recente e arranjos ainda melhor trabalhados como em I’d Do It All Again e a canção que dá nome ao disco. O trabalho foi recompensado com indicações ao Grammy e ao Brit Awards.

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Graduada em literatura e com formação em violino clássico, Corinne fará o seu primeiro show no Brasil na próxima quinta-feira (04), em São Paulo. Em conversa com o site de Veja, ela falou sobre o processo de gravação de The Sea, sobre seus autores prediletos e o que espera do debute no país: “Fiquei muito surpresa ao saber que as pessoas conhecem a minha música no Brasil”.

The Sea é um disco que sucede um enorme sucesso de estreia e o enfrentamento de fortes problemas de ordem pessoal. Como foi o retorno aos estúdios?

O processo de gravação e composição foi muito divertido, e aconteceu naturalmente. Após uma longa pausa depois do meu primeiro disco, foi ótimo voltar a compor, pensar nas letras. Eu gravei com pessoas que eu conhecia muito bem, músicos nos quais em confio muito. Além disso, eu estava co-produzindo o álbum, o que me fez sentir que eu tinha muito a dizer, sabia exatamente o que eu queria que acontecesse com cada música, como elas seriam feitas.

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Você destacaria alguma particularidade durante o processo de gravação?

Nós gravamos um pouco na minha casa e em um estúdio próximo de onde eu moro. As gravações foram feitas como os meus discos preferidos dos anos 1960 e 1970: nós tocávamos juntos como em ensaios, ao vivo. Estávamos todos juntos tentando fazer o melhor take. O processo inteiro foi muito orgânico, e o resultado final do disco me deixou muito feliz.

Tem uma diferença de ‘pegada’ entre o primeiro disco e The Sea, não?

Eu quis que esse álbum soasse mais agressivo, mais caótico, com uma pegada mais indie. Há mais guitarra elétrica ao invés de acústica, bateria ao vivo – no primeiro álbum nós usamos sempre bateria gravada – e o som está mais cru, soando como um disco ao vivo.

Você é graduada em literatura, tem formação clássica de violino. Isso deixa você mais crítica e exigente na hora de compor, ou se sente inteiramente livre nesse aspecto?

Eu acho que mais livre. Quis escrever coisas nas quais eu acredito e acho que são boas, mas não necessariamente muito técnicas ou complicadas. As letras surgiram como se eu estivesse me abrindo. E eu adoro escrever poesia, pensar nas rimas. Eu amo palavras, descrições. Eu gosto de livros, histórias, a maneira como os escritores fazem escolhas de narração, tempo, personagens e figuras de linguagem. E eu queria figuras de linguagem, criar impressões. E a combinação da melodia com a harmonia é a minha preferida. Música e palavras, e como as pessoas se comunicam através da linguagem.

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Quais são os seus escritores prediletos?

Adoro as escritoras dos últimos 30 ou 40 anos. Uma das minhas preferidas é Alice Walker; aprendi muito com a sua escrita. Sua identidade e seus livros, por ela ser uma mulher negra, que cresceu na Inglaterra, são uma fonte da minha personalidade, de como eu me sinto e me relaciono com o mundo ao meu redor. Além disso, eu gosto de suas histórias, personagens, sua atmosfera pacífica, conectada com a natureza. Ela é uma grande escritora e eu já li muitos de seus livros. Gosto também de literatura fantástica e politicamente engajada. Acabo de reler The Waste Land, de T.S Eliott. Gosto também de Thomas Hardy. E aprecio o estilo de escrita de Virginia Woolf.

Conhece algo de música brasileira?

Eu conheço a bossa nova. Ouvi os discos de Stan Getz com João Gilberto, que são realmente incríveis. As progressões e melodias são tão lógicas em canções como Corcovado e Garota de Ipanema; trazem imagens lindas para as músicas. Gosto também de Elis Regina, uma versão ao vivo dela em 1994, é brilhante.

Suas músicas viraram tema de telenovela no Brasil e tocaram bastante nas rádios. Qual a sua expectativa para o show de logo mais?

Espero que corra tudo bem, é muito importante para mim tocar na América do Sul, já que eu nunca estive aí antes e estou ansiosa para fazê-lo. Há ainda o fato de minha família ser africana, e a experiência de estar em um país onde acontece a fusão entre as culturas africana e europeia. Acho que não vou me destacar das pessoas, e isso é empolgante. Fiquei surpresa e feliz em saber também que as minhas músicas são conhecidas no Brasil.

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Assista abaixo a uma performance da cantora

https://youtube.com/watch?v=MXRCFq6gitA

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