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Em ‘T2 Trainspotting’, personagens estão mergulhados na decepção

Continuação do sucesso de 1996 dirigido por Danny Boyle não tem o mesmo frescor, mas diverte

Por Mariane Morisawa, de Berlim
Atualizado em 10 fev 2017, 20h25 - Publicado em 10 fev 2017, 20h03

Quando lançado em 1996, Trainspotting foi uma pequena revolução. O filme dirigido por Danny Boyle e baseado num livro de Irvine Welsh mostrava o lado pouco glamoroso da Cool Britannia com energia jovem e um pessimismo meio debochado. Mais de vinte anos depois, Renton (Ewan McGregor), Spud (Ewen Bremner), Sick Boy (Jonny Lee Miller) e Begbie (Robert Carlyle) estão de volta em T2 Trainspotting, exibido fora de competição no Festival de Berlim. A produção foi comandada novamente por Boyle e com um roteiro de John Hodge baseado em outro livro de Welsh, Porno.

As coisas não mudaram tanto para os quatro rapazes que usavam heroína e cocaína a torto e a direito e armaram um golpe para ganhar uma grana – que Renton embolsou no final. O longa começa justamente com a volta de Renton, que estava vivendo em Amsterdã, à sua cidade natal, Leith, na Escócia, depois da morte de sua mãe. Leith continua sem nenhum charme. De lá nunca saíram o atrapalhado de bom coração Spud, que ainda não se livrou do vício em heroína, e do arrogante sem coração Sick Boy, que permanece usuário de cocaína e vivendo de chantagem contra clientes de uma prostituta que ele acha ser sua namorada, Veronika (Anjela Nedyalkova). Já Begbie (Robert Carlyle) saiu de Leith para a prisão. Por uma dessas coincidências de roteiro, Begbie resolve fugir da prisão bem na época em que Renton está na cidade. E assim temos a continuação de Trainspotting.

Renton chega bem na hora em que Spud está tentando se matar, numa cena escatológica que rivaliza com a do banheiro no filme anterior. Pouco depois, dá a parte do dinheiro devida vinte anos atrás para Sick Boy, que agora usa o respeitável nome de Simon. Ele diz ainda estar bravo com o amigo, mas não parece: em minutos, estão contando histórias do passado incompreensíveis para quem está de fora, tendo como espectadora Veronika. Criticam gente que sente saudade de uma época “mais simples e menos tolerante”, mas também se engajam no saudosismo. Em pouco tempo, já são sócios numa “sauna”, codinome para bordel. A chegada de Begbie acende o pavio numa situação potencialmente explosiva.

No fundo, Renton, Begbie e Sick Boy não mudaram muito: continuam os mesmos sujeitos irresponsáveis, violentos e/ou desprovidos de emoção de sempre. Com a desvantagem de estarem todos vinte anos mais velhos, encarando de frente a decepção do que podia ter sido e não foi nem nunca será. Spud é quem passa por uma transformação. As mulheres têm quase nada a fazer no filme, mas é verdade que Diane (Kelly Macdonald, numa ponta minúscula) e mesmo Veronika parecem saber bem o que querem, o que já lhes dá vantagem sobre os marmanjos perdidos no tempo e no espaço. T2 Trainspotting não tem o mesmo frescor, mas faz referências espertas ao original e, apesar de embarcar no sentimentalismo às vezes, não minimiza os defeitos de seus personagens. É o suficiente para divertir.

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