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‘Dior e Eu’ lança olhar curioso sobre os bastidores da alta-costura

Documentário de Frédéric Tcheng entra na tradicional maison francesa durante a produção da primeira coleção de Raf Simons. Crise de estilista e costureiras pauta tensão antes de desfile

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 ago 2015, 09h03

Reza a lenda, nos bastidores da maison Dior, que o fantasma de Christian Dior passeia pelo local durante a noite, observando o trabalho de seus funcionários. Seja lá qual a crença dos envolvidos, uma certeza é que o “espírito” do costureiro é uma presença inexorável nos dois ateliês da grife francesa, uma das poucas que ainda consegue manter a estrutura que separa produção de vestidos e de alfaiataria. “Eu ainda trabalho para Christian Dior”, diz uma antiga funcionária da casa, registrada pelas câmeras do cineasta Frédéric Tcheng no documentário Dior e Eu.

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O título do filme é uma referência direta ao nome da autobiografia do estilista, que se divide no texto como marca e como pessoa física, um em observação do outro. Morto em 1957, aos 52 anos, Dior construiu seu império em míseros dez anos. Queria ser artista plástico, mas levou sua arte para a moda, onde revolucionou os formatos – e a indústria têxtil francesa – ao ressuscitar a feminilidade, esquecida pelo período de guerra. Mais de cinco décadas depois, a Dior viveu uma de suas crises mais controversas: a demissão do estilista John Galliano, acusado de proferir comentários antissemitas.

A grife passa cerca de um ano longe dos holofotes, quando, em 2012, contrata Raf Simons para assumir sua direção criativa. A primeira tarefa do estilista é produzir a próxima coleção de alta-costura, que deve ser concluída em oito semanas, período pífio para todo o trabalho, que exige camadas e camadas de tecidos, costuras e bordados à mão, entre outros pequenos detalhes que passam longe da imaginação dos reles mortais. Outro agravante é a fama de Simons, um experiente em moda masculina, até então chamado de minimalista – adjetivo que em nada combina com a voluptuosa Dior.

No documentário, que chegou nesta quinta-feira ao Brasil, a pressão do retorno da marca e a falada modernização do estilo, que viria junto com o nome de Simons, são acompanhados de perto pelas câmeras de Tcheng, que mescla cenas atuais e filmagens antigas, narradas com trechos do livro de Dior, em primeira pessoa.

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O documentarista conseguiu a autorização da grife para ter livre acesso aos bastidores da produção e, depois, para editar como quisesse o material. O resultado é uma mescla de momentos divertidos com outros de tensão, que dissecam o relacionamento do estilista com os costureiros. Os funcionários, alguns há décadas na maison, são os verdadeiros protagonistas da produção. O grupo humaniza o filme, com personagens que trabalham horas a fio, sacrificam fins de semana e fazem caretas para o novo chefe, tudo isso enquanto se dividem entre desfile e clientes – que nunca podem ser ignorados, afinal, sustentam a grife e todo seu luxo.

Sem ser apelativo, nem uma peça publicitária, apesar do “final feliz”, o longa entra para a lista de interessantes produções atuais que tratam de personalidades do mundo fashion. Caso das cinebiografias Coco Antes de Chanel, de Anne Fontaine, e Coco Chanel & Igor Stravinsky, de Jan Kounen, ambos de 2009; e as três sobre Yves Saint Laurent: Yves Saint Laurent (2014); Saint Laurent (2014) e O Louco Amor de Yves Saint Laurent (2010).

Dior e Eu também é um reforço para o currículo do cineasta. Seus dois outros documentários, Diana Vreeland: The Eye Has to Travel (2011), sobre a famosa editora da revista Harper’s Bazaar; e Valentino: The Last Emperor (2008), que acompanha o estilista italiano Valentino, são longas despretensiosos que concederam a Tcheng o título de especialista no assunto. Seu olhar apurado e câmera bem posicionada garantem ao espectador uma sensação de acessibilidade e a satisfação de curiosidade suprida.

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