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Diego Guebel, o argentino que revolucionou a Band

Em seu primeiro ano como diretor artístico da Band, Diego Guebel celebra o crescimento da audiência e anuncia: terá o desenho 'Os Simpsons' no horário nobre

Por Mariana Zylberkan
23 dez 2012, 08h49

Há um ano na direção artística da Band, o argentino Diego Guebel chega ao final de 2012 com um belo número como troféu. Em novembro, a emissora abocanhou 7,3% de participação no mercado, o melhor resultado em uma década. Guebel não se vê como um revolucionário. “Eu não estou refundando a Band”, diz ele. “Cheguei numa empresa já consolidada e adapto minhas ideias ao que já existe.” Uma das principais contribuições de Guebel foi trazer para a Band o desenho Os Simpsons, um sucesso mundial que estava escondido na madrugada da Globo. Em sua nova casa, a família de Homer vai ocupar o horário nobre a partir de janeiro. “Vai ser a nossa novela, só que com personagens amarelos.” A escolha está em consonância com a tática adotada de investir em atrações de humor, adotada há cinco anos pela emissora, desde a estreia do CQC. Pode-se dizer, ainda, que a grade da Band se aproximou nos últimos meses dos moldes da TV fechada. Séries como Walking Dead e Roma vão estrear em 2013 – além do game show Quem Quer Ser um Milionário, outro sucesso internacional cuja adaptação será comandada pelo apresentador Datena. “A meta é chegar aos dois dígitos de participação no mercaco”, diz Guebel, que concedeu a seguinte entrevista ao site de VEJA:

Como define a programação da Band atualmente? Uma rede é um produto. Portanto, quanto mais clara for sua proposta, mais fácil será conquistar a audiência. Não queremos oferecer uma miscelânea de opções ao espectador. Bastam três: futebol, jornalismo e entretenimento. Somos fiéis a esses pilares. Na ponta do entretenimento, a Band se consolida como um canal que oferece o melhor do humor. Vamos fortalecer isso com a exibição de Os Simpsons a partir de janeiro.

Por que essa ênfase no humor? Na programação de uma emissora, é preciso planejar e fazer apostas, mas também saber aproveitar o que deu certo. Quando um gênero funciona, fica mais fácil agregar outros programas semelhantes. É mais pertinente fortalecer o que a emissora tem de melhor do que apostar em novelas, por exemplos, que não produzimos. Isso pode dar a impressão de que a grade da Band é mais voltada ao público masculino, mas a audiência do CQC, por exemplo, tem o número de homens apenas um pouco maior que o de mulheres.

Em que momento a Band percebeu que o humor era relevante na grade? Com a estreia do CQC. Mas, antes disso, a emissora criou a tradição do humor no jornalismo. Então, é uma linha seguida há tempos, que só foi se alargando. O programa do Danilo Gentili, que saiu do CQC, é uma variação disso, a comédia combinada com a tradição do late night show. E com o Pânico vemos outra linha de comédia. Agora, não saberia dizer por que tendemos a privilegiar o humor. Acho que é um formato com que nos identificamos. A TV nos acompanha na rotina dentro de casa e gostamos de rir, de ter bons momentos.

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O humor é um caminho para atrair o público jovem? Eu não penso dessa forma. Creio apenas que a maneira mais fácil de fazer as coisas é apostar no que você acha de fato interessante. Se você faz as coisas com profissionalismo, tende a errar mesmo. Mas receita garantida de sucesso não existe.

Como apostar no interessante e ao mesmo tempo corresponder à cobrança por audiência? Os resultados vêm naturalmente quando se segue uma linha clara. Uma grande vitória da casa foi obter os direitos de exibição de Os Simpsons. É um dos melhores produtos de animação, capaz de atrair adultos, jovens e crianças. Temos quatro temporadas. Os Simpsons não é uma aposta, ao contrário, é uma certeza.

Como foi a negociação pelos direitos de exibição? Levou nove meses para ser concluída. Alguém percebeu que exibir Os Simpsons na TV Globo às três da manhã era um desperdício, dado o investimento necessário. Não se faz uma negociação internacional desse nível se a outra emissora insistir em manter o produto. A compra dos direitos dependeu da estratégia de programação da TV Globo. Quando se tem produtos tão potentes quanto a Globo, que dão até 70% de share, como as novelas, torna-se impossível acomodar tudo no horário nobre. O The Voice, por exemplo, nos outros países é exibido no horário nobre e nos melhores dias, como terça, quinta-feira ou domingo, mas nunca às três horas da tarde como aqui no Brasil. É um programa caro para ser produzido, tem de ter uma grade muito poderosa para tomar essa decisão.

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Como conseguiram tirar Os Simpsons da Globo? Não tiramos da Globo. Pedimos os direitos animação para a Fox, a negociação começou e em algum momento a Globo percebeu que seria melhor para ela abrir mão do programa. A Globo tem uma participação tão alta no mercado que a sua preocupação se torna não perder pontos, enquanto a nossa é o oposto, conquistar participação na audiência. Vamos exibir Os Simpsons perto das 21h30 nos dias de semana a partir de janeiro. Temos também a próxima temporada de Os Simpsons que estreia em junho.

O Rafinha Bastos vai voltar? Ele já voltou e foi demitido. Brincadeira. Ele não volta, eu acho que foi uma pena ele ter saído de A Liga, mas foi uma decisão pessoal dele. O Rafinha tinha um ótimo espaço no programa, que o tirava do papel de humorista. Mas ele precisava sair do ar naquele momento. Na Cuatro Cabezas e na Band, temos a política de conceder um bom espaço aos funcionários. A carreira em televisão não precisa ser uma corrida contra o tempo. É o nosso ofício, e não deve ser encarado como algo que tem data para acabar.

O CQC muda de cara com a saída de maior parte do elenco da estreia? A mudança é natural. Na Argentina, já estamos na sexta troca total de apresentadores. Lá, o CQC está na 14ª temporada, aqui estamos na quinta. Às vezes, essa mudança é estimulada internamente. Foi o caso do Danilo Gentili, que se dividiu entre o CQC e o Agora É Tarde até esse novo programa engrenar. Damos ao artista a segurança de que vai ter seu emprego caso a nova aposta não dê certo. As oportunidades têm que ser dadas a quem faz parte de seu time, senão é injusto. Eu acho que toda perda é uma oportunidade de ganho.

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O que achou da saída do Rafael Cortez? Ele ficou cinco anos no programa, então não posso exigir nada, mas eu acho que foi ruim para ele. O Rafael tinha oportunidade de ter um programa solo aqui e preferiu apresentar o Got Talent na Record. Ele não tem maldade no coração, apenas ficou entusiasmado com o novo programa.

Qual sua opinião sobre a participação de Datena na negociação de um sequestro, ao vivo, na TV? Ele não devia ter feito isso. Mas foi uma situação difícil, a polícia pediu para ele interceder. Eu estava evolvido com outras tarefas no momento e, quando eu vi, a negociação já tinha começado e não dava para interromper. Esse não é o nosso trabalho. O Datena não é treinado para negociar com sequestradores.

Como fazer da segunda temporada de Mulheres Ricas um sucesso como a primeira? Não dá para prever, temos apenas que fazer o melhor. Nossa primeira dúvida foi se deveríamos repetir o primeiro elenco. Decidimos encontrar novas mulheres para contar novas histórias e apenas manter uma da primeira temporada, para o público se reconectar. A Narcisa Tamborindeguy foi a escolhida. Depois, aconteceu de a Val Marchiori entrar para o elenco também. Na outra edição, o programa foi desenhado da seguinte forma: apresentamos as participantes, mostramos suas casas, seus carros e para onde viajam, depois, as relações entre elas se tornou o destaque. Nessas relações, era interessante incluir a Val que tem uma briga antiga com a Narcisa.

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A aposta vai ser novamente nas brigas e fofocas entre elas? Não, mas faz parte do programa. Não quis repetir mais de uma participante logo no início para não ficar muito parecido com a primeira temporada, mas depois do quinto ou sexto episódio, não vi problemas.

Qual é o balanço que faz desse seu primeiro ano como diretor artístico da Band? A experiência é muito positiva, a audiência está crescendo. A televisão é evolutiva naturalmente, não é necessário fazer grandes revoluções na grade. A TV faz parte do cotidiano das pessoas. Então, quem trabalha numa posição como a minha, não pode pensar apenas na audiência. Tem de se colocar no lugar do público e tentar combinar inspiração, que ajuda a criar programas, com a razão, que identifica o momento em que devem ir ao ar. Em novembro, atingimos 7,3% de participação no mercado, o maior número nos últimos dez anos da Band. Ultrapassamos o recorde de junho de 2010, de 7,2% por causa da transmissão da Copa do Mundo na África do Sul. A nossa meta é atingir dois dígitos.

É possível se aproximar da Globo? Não temos essa missão. Não pensamos a programação apenas em termos de audiência. Para crescer 10 ou 20% no Ibope é importante ter uma programação clara e previsível. Nós temos 7% da audiência e isso quer dizer que o telespectador não está conectado conosco o tempo todo. Eu não estou refundando a Band. Cheguei numa empresa já consolidada e tenho que adaptar as minhas ideias ao que já existe.

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O aluguel de espaço para igrejas evangélicas na grade atrapalha os resultados? Eu acho que não deveria existir, mas isso não é uma decisão minha. O mais interessante para mim é colocar produtos no ar que atendam o maior número de pessoas, mas se o dinheiro desse aluguel nos permite fazer muitas outras coisas, então é válido.

Há planos de retomar a produção de teledramaturgia? Nesse mercado, temos a Globo que produz toda a teledramaturgia, outra que copia essa produção, que é a Record, e o SBT que faz pouca coisa nesse sentido. A Band decidiu oferecer uma alternativa.

Por que, apesar de representar essa alternativa, a Band está em quarto lugar na audiência? É algo que está mudando. Fomos por muito tempo uma rede focada no período da tarde. Decidimos, então, fortalecer o horário nobre. E está dando resultado. Nessa faixa, às vezes ocupamos o terceiro, e mesmo o segundo lugar.

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