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DiCaprio enfrenta a selvageria da natureza e do homem em ‘O Regresso’

Filme do cineasta Alejandro G. Iñárritu é o principal indicado ao Oscar 2016

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 4 fev 2016, 07h53

Acompanhar um filme do cineasta mexicano Alejandro G. Iñárritu é se deixar levar por uma experiência de emoções variadas – algumas boas, outras nem tanto. Desde sua estreia com o ótimo Amores Brutos (2000) até o vencedor do Oscar de melhor filme do ano passado, Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância), o diretor mostra que tem músculos para conduzir histórias variadas e que é corajoso o suficiente para explorar o novo. Em sua mais recente empreitada cinematográfica, O Regresso, ele não só desafia o atual modo de produção hollywoodiano como faz de seus atores, em especial Leonardo DiCaprio, parte de um teatro empírico, em que o elenco é imerso em um mundo selvagem, de natureza pouco explorada e emoções humanas primitivas.

No filme, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, DiCaprio interpreta Hugh Glass, um explorador do século XIX, que trabalha com um grupo de comerciantes de pele. Glass realmente existiu e ficou conhecido por sobreviver a um ataque de urso e ser abandonado por dois colegas de expedição, que deveriam cuidar do moribundo até o momento de seu enterro, em condições dignas. Totalmente ao contrário disso, eles o deixam incapacitado e sem suprimentos na floresta, em pleno inverno. Glass consegue se virar sozinho e caminha (ou se arrasta) ao longo de quase dois meses em um percurso de 300 quilômetros. Mais que a própria sobrevivência, sua motivação principal é o desejo pela vingança. Contudo, o filme é muito mais que uma ode ao olho por olho.

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A produção começa com uma série de flashbacks em uma vila indígena, onde vive Glass, sua esposa nativa e o pequeno filho mestiço. Em seguida, um salto no tempo leva o longa para um momento silencioso, quando Glass caça em meio a uma floresta de várzea em período de inundação com Hawk (Forrest Goodluck), seu herdeiro, agora crescido. A maneira como é filmado o movimento da água entre as árvores é hipnotizante – uma de muitas outras cenas em que a natureza também é personagem. A concentração do espectador é interrompida para descobrir que o acampamento do grupo de comerciantes está sendo atacado de forma brutal por índios arikara.

A tensão criada para esta parte da abertura é de tirar o fôlego. A câmera do cineasta acompanha tudo com a intensidade necessária. Com leveza na calmaria e de modo histérico durante o ataque. É como se a plateia estivesse ali, em campo aberto, passível de levar uma flechada. Tais contrastes se repetirão ao longo das duas horas e meia de duração do filme, que esbanja uma direção de arte impecável em cenários absurdos.

Iñárritu submeteu sua equipe a filmagens em locações reais (no Canadá e na Argentina) e inóspitas, com luz natural e em temperaturas dolorosas ao longo de nove meses – período de trabalho quase inexistente na apressada Hollywood do século XXI.

A vingança como tema perde espaço para a selvageria constante. Especialmente no personagem John Fitzgerald, de Tom Hardy (ótimo), o antagonista de DiCaprio. Ambicioso e calculista, Fitzgerald constantemente incita o filho indígena de Glass. Acusa a população nativa de ser parte de uma cultura não civilizada. Afirma que todos eles são selvagens e perigosos. Contudo, é o próprio Fitzgerald um dos mais brutais da história, assim como um grupo de brancos franceses pouco confiáveis, que mantém uma trama paralela à central.

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Os perigos promovidos pelos representantes mais primitivos da condição humana (muitos deles relacionáveis com homens do tempo atual) se intercalam com as intempéries da exposição à natureza. Depois de sobreviver ao ataque de um urso, Glass precisa lidar com o excesso de neve e frio intenso, a fome e até a queda de um penhasco – outra cena incrível.

Os esforços do elenco e do cineasta deram certo, ao menos para a Academia de Hollywood. O Regresso é o principal indicado ao Oscar deste ano, concorrendo em doze categorias: melhor filme, diretor, ator (DiCaprio), ator coadjuvante (Hardy), fotografia, montagem, desenho de produção, figurino, maquiagem, mixagem de som, edição de som e efeitos visuais.

Apesar do grande número de nomeações, o longa é uma dúvida para os principais prêmios (filme e diretor), já que Iñárritu saiu vencedor de ambas no ano passado com Birdman. Já DiCaprio, apesar de passar metade da produção sem falar uma palavra e ter suas feições escondidas por uma barba horrorosa ou outras sujeiras (como neve, terra ou sangue), deve sair, merecidamente, vitorioso da cerimônia.

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